MANOEL PHILOMENO DE
MIRANDA
TEMAS DE VIDA E
DA MORTE - CONTINUA NO ÍTEM 9
(Fonte: Prefácio e capítulos 1 a 4.)
1. O estudo do Espiritismo é uma necessidade premente - No
prefácio da obra, Manoel P. de Miranda diz-nos que o estudo sistematizado do
Espiritismo constitui hoje, e assim o será no futuro, “uma necessidade que não
deve ser postergada sob qual for o motivo que, aparentemente, se apresente como
justificado”. “Ciência experimental e de observação -- assevera Miranda --,
utiliza-se o Espiritismo de metodologia especial para penetrar no mecanismo dos
fenômenos mediúnicos e da reencarnação, fenômenos naturais e universais , desse
modo equacionando um sem número de questões que aturdem e envolvem incontáveis
criaturas.” A doutrina dos Espíritos, filosofia otimista, que resulta do estudo
dos fatos, estrutura-se em postulados nobres e nos enseja larga cópia de
conhecimentos, que podem ser aplicados no comportamento do homem, alterando para
melhor a sua existência e preparando-o para os cometimentos futuros.
“Fundamentado moralmente na ética sublime do Cristo -- afirma o autor --, é a
religião do amor e da caridade, que se converte em superior conduta pessoal,
reaproximando a criatura do Seu Criador, nesse inexorável fatalismo para o qual
ruma, que é a felicidade. Simples, nas suas colocações e esclarecimentos, exige
meditação e análise, a fim de que o aprendiz adquira segurança de fé e lógica
decorrente da razão, de modo a compreender as problemáticas da vida,
desafiadoras, complexas, vencendo-as com equilíbrio, discernimento e paz.”
Manoel P. de Miranda refere-se à necessidade que tem o Espírito de armar-se de
experiências iluminativas, através da reencarnação, para poder, quando
delinqüir, retornar expiando e reparando, avançando sempre rumo à perfeição.
Identificando e mostrando-lhe as elevadas finalidades da vida, o Espiritismo
conscientiza-o da necessidade do esforço pessoal constante, para superar as más
inclinações que ele traz e trabalhar as aspirações nobres que devem
transformar-se em realidades. (Considerações Espíritas, pp. 9 e
10.)
2. Espiritismo
cristão é a bandeira
kardequiana - “O Espiritismo -- assevera Miranda --
preenche todas as lacunas do conhecimento, apresentando oportunas propostas de
renovação e de esclarecimento libertador. Sempre remontando às causas, oferece a
meridiana luz que aclara os enigmas do pensamento e preenche os espaços deixados
pelas ciências, que estudam os
efeitos, tudo num processo natural de penetração nas realidades da vida.”
Eis o objetivo deste livro, que representa valiosa contribuição -- considerada
pelo autor modesta -- ao estudo de
várias questões da atualidade. Manoel P. de Miranda selecionou alguns temas e os
analisou à luz da Doutrina Espírita que, mantendo-se sempre atual, constitui um
filão aurífero inesgotável, que nos oferece cada vez mais recursos de libertação
e felicidade. Na parte final de seu prefácio, o autor relembra-nos magistral
ensinamento colhido na obra kardequiana: “Se o Espiritismo, conforme foi
anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, claro é que esse
efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará
geralmente, pouco a pouco, em conseqüência do aperfeiçoamento dos indivíduos.
Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele
que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus
semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento
ser espírita, se continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao
invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens
acreditar nas manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária.
Tais, porém, não são os desígnios de Deus” (O Livro dos Médiuns, item 350,
52a edição da FEB). E na seqüência o autor adiciona as sábias
palavras com que Kardec fechou o item 350 do referido livro: “A bandeira que
desfraldamos bem alto é a do Espiritismo
cristão e humanitário, em torno da qual já temos a ventura de ver, em todas
as partes do globo, congregados tantos homens, por compreenderem que aí é que
está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma era
nova para a Humanidade”. (Considerações
Espíritas, pp. 10 a 12.)
3. O planejamento da
reencarnação - A planificação para a reencarnação é
quase infinita e obedece a critérios que decorrem das conquistas morais ou dos
prejuízos ocasionais de cada candidato. Na generalidade, existem estabelecidos
automatismos que funcionam sem maiores preocupações por parte dos técnicos em
renascimento, e pelos quais a grande maioria dos Espíritos retorna à carne,
assinalados pelas próprias injunções evolutivas. Ao lado desse automatismo das
leis da reencarnação, há programas e labores especializados para atendimento de
finalidades específicas. Os candidatos em nível médio de evolução, antes de
serem encaminhados às experiências terrenas, requerem a oportunidade, empenhando
nisso os melhores propósitos e apresentando os recursos que esperam utilizar, a
fim de granjearem a bênção do recomeço, na bendita escola humana. Examinados por
hábeis e dedicados programadores, que recorrem a técnicas especiais de avaliação
das possibilidades apresentadas, são eles submetidos a demorados treinamentos,
de acordo com o serviço a empreender,
com vistas ao bem-estar da
Humanidade, após o que são selecionados
os melhores, o que reduz a margem de insucesso. Os que não são aceitos, voltam a
cursos de especialização para outras atividades, especialmente de equilíbrio,
com que se armam de forças para vencer as más inclinações defluentes das
existências anteriores que se malograram, bem como para a aquisição de valiosas habilidades que lhes
repontarão, futuramente, no corpo como tendências e aptidões. (Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 13 e
14.)
4. Determinismo e
livre-arbítrio - De acordo com a ficha pessoal do
candidato, é feita, concomitantemente, pesquisa sobre aqueles que lhe podem
oferecer guarida, dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários
encontros ou reencontros na esfera dos
sonhos, se os futuros genitores já estão reencarnados, ou diretamente,
quando for um plano elaborado com antecedência, no qual os membros do futuro clã
convivem, primeiro, na Erraticidade, de onde partem já com a família adredemente
estabelecida. Executada a etapa de avaliação das possibilidades e a aproximação
com a necessária anuência dos futuros pais, são meticulosamente estudados os
mapas genéticos de modo a facultarem, no corpo, a ocorrência das manifestações
físicas como psíquicas, de saúde e doença, normalidade ou idiotia, lucidez e
inteligência, memória e harmonia emocional, duração do cometimento corporal e
predisposições para prolongamento ou antecipação da viagem de retorno,
ensejando, desse modo, probabilidades dentro do comportamento de cada aluno à
aprendizagem terrena. “Fenômenos de determinismo -- afirma o autor -- são
estabelecidos com margem a alternâncias
decorrentes do uso do livre-arbítrio, de modo a permitir uma ampla faixa de
movimentação com certa independência emocional em torno do destino, embora sob
controles que funcionam automaticamente, em consonância com as leis do
equilíbrio geral.” Travam-se debates entre o futuro reencarnante e seus fiadores
espirituais, expondo-se as dificuldades a enfrentar e os problemas a vencer,
nascendo daí a euforia e a esperança em relação ao futuro. É assim que, em clima
de prece, entre promessas de luta e coragem, sob o apoio de abnegados
Instrutores, o Espírito mergulha no oceano compacto da psicosfera terrena e se
vincula à célula fecundada, dando início a novo compromisso. Os que o amam, na
Espiritualidade, ficam expectantes e interessados pelos acontecimentos,
preocupados pelos sucessos que ocorrerão, e buscarão interceder nas horas
graves, auxiliando nos momentos mais difíceis, encorajando sempre... (Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 14 e
15.)
no sucesso do
empreendimento - A reencarnação -- que leva a parcial
esquecimento das responsabilidades, em razão da imantação celular que se faz --
constitui sempre cometimento de grande porte e alta gravidade. Conseguido o
primeiro êxito, que é o renascimento, prossegue o intercâmbio, durante a
primeira infância, com os Amigos da retaguarda espiritual e, à medida que o
corpo absorve o Espírito, ou este se
assenhoreia daquele, vão-se apagando as lembranças mais próximas, enquanto
ressumam as fixações mais fortemente vivas do ser, dando nascimento às
tendências e paixões que a educação e a disciplina moral devem corrigir a
benefício do educando. (N.R.: O verbo
ressumar significa: dar passagem a um líquido, coando-o; coar, filtrar, e, em sentido figurado, mostrar-se,
patentear-se, deixar-se transparecer.) Jamais cessam, em momento algum, os
socorros inspirativos que procedem da esfera espiritual, em contínuas tentativas
pelo aproveitamento integral do valioso investimento a que o Espírito se propôs.
O retorno é feito, quase sempre, com altos índices de fracasso, com agravamento
de responsabilidades; de insucesso, em decorrência da invigilância e da
indolência, dando margem à amargura e à perturbação; de perda do tentame, graças
à fatuidade e aos graves comprometimentos do pretérito, de que não se
conseguiram libertar... Pode-se compreender, então, a preocupação dos
Benfeitores Espirituais que acompanham seus pupilos, à medida que estes se
afastam da sua influência benéfica e se transferem espontaneamente de área
vibratória, entregando-se aos envolvimentos perniciosos e destrutivos. Esses
nobres cooperadores do bem instam para que seus protegidos retornem ao roteiro
traçado, valendo-se de mil recursos sutis, ou de interferências mais vigorosas,
tais como as enfermidades inesperadas, os acidentes imprevistos, as dificuldades
econômicas, a carência afetiva, de modo a despertarem do anestésico da ilusão os
que se enovelaram nos fios da leviandade ou se intoxicaram pelo bafio do
orgulho, do egoísmo, da cólera... Outras vezes, recorrem a outros amigos e
benfeitores, a favores da vida e a ajudas que lhes facilitem a marcha,
perseverando até quando, rechaçados, ficam a distância, aguardando... (Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 15 e
16.)
6.
As conquistas morais são mais lentas - A reencarnação é
o maior investimento da vida ao Espírito em processo evolutivo, o qual, sem ela,
padeceria a hipertrofia de valores intelecto-morais, pela falta do ensejo da
convivência com aqueles que se lhe vinculam pelo amor santificado, pelo amor
asselvajado das paixões dissolventes, ou pelo amor enlouquecido no ódio, na
violência, na perseguição... A conjuntura carnal constitui valiosa aprendizagem
para a fixação dos recursos mais elevados do bem e do progresso na escalada
inevitável da evolução. Evidentemente, o parcial esquecimento dos compromissos
assumidos responde por alguns fatores do insucesso, mas, ao mesmo tempo, isto
constitui a mais expressiva concessão do amor do Pai, evitando que se compliquem
os fenômenos da animosidade e do ressentimento, das mágoas e das preferências
exclusivistas, que tenderiam a reunir os afins nos gostos e afetos, produzindo
um clima de desprezo e agressão contra aqueles que se lhes opusessem. Como o
Espírito jamais retrograda no seu processo evolutivo, os insucessos não atingem
as conquistas, que permanecem, agravando, isto sim, o programa de
responsabilidades de que se desobrigará, quando falharem as provações
remissoras, mediante as expiações redentoras que serão utilizadas como
terapêutica final. Todas as conquistas da inteligência permanecem, e sempre são
logradas novas etapas, nesse campo, em cada encarnação, embora as aquisições
morais, mais lentas, porém mais importantes, somente através de sacrifício e
renúncia, de amor e devotamento, conseguem ser alcançadas. Com as luzes
projetadas pelo Espiritismo, na atualidade, o empreendimento da reencarnação
adquire hoje mais amplo entendimento pelos homens, que reconhecem a sua
procedência espiritual, identificando-a e, por sua vez, preparando-se para o
retorno à vida que estua, seja no corpo ou fora dele. (Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 16 e
17.)
7. O processo reencarnatório alonga-se até à
adolescência - O processo da reencarnação requer sejam
feitos estudos acurados por embriogenistas, biólogos e psicólogos, de modo a
poderem penetrar nos seus meandros, que eles evidentemente ignoram, fato que tem
dado margem, nessas áreas de estudo, a opiniões sem nenhum fundamento, diante de
determinados acontecimentos, porque destituídas do conhecimento das causas,
cujos efeitos contemplam. Iniciando-se no momento da fecundação, o processo
reencarnatório alonga-se até à adolescência do ser, quando, a pouco e pouco,
atinge a plenitude. Manoel P. de Miranda reitera com meridiana clareza: embora o
processo reencarnatório haja terminado
aos 7 anos, ele se vai fixando, lentamente, até o momento da transformação
da glândula pineal, na sua condição de veladora do sexo. As impressões mais
fortes das experiências passadas fixam-se no corpo em formação, através de
deficiências físicas e psíquicas, saúde e inteligência, de acordo com o tipo de
comportamento que caracteriza o estado evolutivo do Espírito. Estabelecidos os
programas cármicos referentes às necessidades de cada ser, outros fatores
contribuem, durante a gestação e o parto, para ulteriores fenômenos psicológicos
no reencarnante. De acordo com a simpatia ou animosidade que o vinculem aos
futuros pais, estes reagem de forma positiva ou negativa, envolvendo o filho em
ondas de ternura ou revolta, que ele assimila, transformando-se tais impressões
em fobias ou desejos, que exteriorizará na infância e poderá fixar,
indelevelmente, na idade adulta. Porque se encontre lúcido, acompanhando o
mergulho na organização física, o reencarnante percebe-se desejado ou
reprochado, registando os estados familiares, bem como os conflitos domésticos
do meio onde irá viver. Momentos há em que o pavor se torna tão grande, que o
Espírito desiste da reencarnação ou, em desespero, interrompe inconscientemente
o programa traçado, resultando em aborto natural a gestação em andamento. Os
meses de ligação física com a mãe são, também, de vinculação psíquica, em que o
recomeçante em sofrimento pede apoio e amparo, ou, se ditoso, roga ternura para
o fiel cumprimento do plano feliz que se encontra em execução. (Reminiscências e conflitos psicológicos,
pp. 19 e 20.)
8. O Espírito é
herdeiro de si mesmo - Adicionando-se às leis do mérito os fenômenos emocionais
dos futuros pais, esses resultarão em heranças, que fazem pressupor
semelhanças com o clã, estudadas pelas modernas leis da genética. “Tal pai, qual filho” -- afirma o
refrão popular, demonstrando a força dos genes e dos cromossomos nos códigos da
hereditariedade. A verdade, porém, é outra. Se ocorrem semelhanças físicas e até
psicológicas, estas adquiridas mediante convivência familiar, o mesmo não se dá
nos campos moral e intelectual. O Espírito é o herdeiro das próprias conquistas
passadas, graças às quais se expressa no campo da atividade nova. Os
comportamentos familiares, no entanto, influem sobre a conduta do reencarnante,
que se impregna -- especialmente quando se trata de Espírito imperfeito -- dos
conflitos e das vibrações perniciosas que lhe irão influenciar profundamente o
procedimento. Reações de várias ordens se manifestarão na criança , como
resultantes da insegurança que experimenta no berço novo, desdobrando-se em
rebeldia e insatisfação, nervosismo e incapacidade intelectual, durante a
infância e a adolescência, com agravantes para o futuro, caso o amor dos pais
não3 interrompa a caudal
das
reminiscências infelizes. O auxílio do psicólogo, a terapia cuidadosa ajudam no
mecanismo de reajustamento da criança; mas compete aos pais a tarefa maior,
assistindo e amparando o filhinho temeroso e desconfiado, necessitado de
segurança e tranqüilidade. O autor não está se referindo, aqui, às obsessões,
que exercem forte interferência no quadro complexo da reencarnação e respondem
por graves injunções no comportamento infantil. Nesse momento, refere-se apenas
às reminiscências, ora do domínio do inconsciente atual, que irrigam a
consciência com temores e conflitos, produzindo estados de desequilíbrio que
poderiam ser evitados. Enurese noturna, irritabilidade, pavores de toda espécie,
timidez, ansiedade encontram nas ocorrências da vida fetal, em relação à mãe e
aos demais familiares, muitas das suas causas. (N.R.: Enurese significa: incontinência
urinária.) É possível, contudo, minimizar-lhes as conseqüências, através de
uma atitude firme e afetuosa dos pais, particularmente da mãe, utilizando-se do
sono do filhinho, para infundir-lhe coragem e anular-lhe as impressões
negativistas, envolvendo-o em amor e conversando com ele, com sincero carinho,
transmitindo-lhe a confiança de que romperá a barreira invisível das
dificuldades, enfim, alcançando-lhe o íntimo. (Reminiscências e conflitos psicológicos,
pp. 20 a 22.)
FONTE- O CONSOLADOR