HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONA DA
MULHER -
MUNDO MAIOR
FUNDAÇÃO ESPÍRITA ANDRÉ
LUIZ
Jesus deu o primeiro passo há
dois mil anos para a verdadeira emancipação da mulher. Até ali, os grandes
mestres da humanidade só admitiam homens para seus seguidores. Mas o divino
Mestre, estabelecendo as diretrizes de um novo tempo, chamou carinhosamente
mulheres e crianças para seu ministério divino. E reergueu, assim, a mulher, de
seu estado de abjeta escravidão e submissão, às glórias inexcedíveis de seu
Reino.
Madalena é o símbolo emblemático
do renascimento espiritual de toda a espécie humana. De atormentada meretriz a
núncia apostolar das boas novas da ressurreição, ela foi a lagarta que se
transformou em borboleta, saindo do rés do chão em que vivia para librar suas
asas de luz no azul do céu, naqueles dias de Cristianismo
nascente.
Às vezes reflexiono que Maria, a
doce mãe de Jesus, é que deveria ser a escolhida para anunciar a ressurreição. E
me pergunto por que não o foi. Encontrei, mais tarde, a resposta nas próprias
palavras do Cristo: “Eu não vim para os sãos, e sim para os doentes”. Maria,
pela sua santidade, já se encontrava espiritualmente no Reino dos Céus, enquanto
que a outra Maria, doente da alma, era a avezinha de asas partidas que
necessitava ser recuperada e reconduzida ao celeste ninho.
Olho com profunda emoção a tela
debuxada por Humberto de Campos, em seu livro “Boa Nova”, quando pincela o
primeiro encontro de Madalena com Jesus.
Ela ouvira as pregações do
Senhor, perto da Vila principesca onde vivia entregue aos prazeres do mundo, e,
sentindo-se tocada no mais fundo da alma, chorou amargamente. Um dia resolveu
procurá-lo para expor-lhe o coração magoado e, como ovelha tresmalhada, pedir
admissão em seu divino rebanho. Mas haveria salvação para ela? Jesus a
aceitaria?
E a resposta do Cristo me
encanta: “Nunca
viste a primavera dar flores sobre uma casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas; porém,
as flores são as esperanças em Deus”.
A imagem evocada por Jesus lhe
honrava o espírito decaído, convidando-a para a renovação e o reerguimento. A
partir daí, ela dedicou todos os seus dias à assistência aos desvalidos –
principalmente os leprosos –, medicando-lhes as chagas enquanto lhes falava do
Senhor Jesus, que, nessa época, já se encontrava no Reino celestial. Em breve,
sua epiderme também apresentava aquelas manchas violáceas e tristes, que a
levaram à morte.
Madalena é a metáfora viva da
ressurreição, quando o ser humano decide transitar da treva à luz, com a
diferença de que ela fez numa vida o que a maioria, não raro, leva inúmeras
vidas para conseguir. E nestas condensadas linhas, singularizo nela todas as
notáveis mulheres que iluminam a Bíblia, destacando, dentre todas, a Virgem
Santíssima, escolhida por Jesus para representar sua mãe, perante o mundo,
naquele magno Evento.
A história registra o exemplo de
outras mulheres notáveis cujos nomes seria impraticável registrar aqui. Muitas,
ao largo dos tempos, têm sacrificado a própria vida pelo estabelecimento de um
lugar mais justo e igualitário para a mulher na oscilante sociedade humana. A
maioria delas, com a brandura das rosas e a irresistência da água, continua
avançando progressivamente para a meta. Com aquele olhar suave, aquele sorriso
faceiro e aquele passo macio que só um gato com PhD felino consegue imitar, vão
conquistando, com refinada estratégia, a mente e o coração do mundo para a sua
(e nossa) causa. Mas assim como os grandes surtos revolucionários do mundo
requisitaram seus Gandhis e seus Napoleões para equilibrar a marcha evolutiva, o
movimento feminista também tem passado necessariamente, desde o século XIX,
pelas suas fases de diálogo e de radicalismo.
Não obstante tantas marchas e
contramarchas, a imagem real da mulher permanece intangível em todos os corações
amantes da paz e sabedores da sacralidade do ser humano, como a definiu muito
bem Victor Hugo, em seu imortal poema “O homem e a mulher”:
“O homem é um templo; a mulher,
um santuário.
Perante o templo nos
descobrimos; perante o santuário nos ajoelhamos.”
A PRIMEIRA
LÁGRIMA
Conta uma antiga lenda que no dia em que Deus
estava elaborando o primeiro esboço de mãe, apareceu um anjo e
perguntou:
– Por que tanta inquietude por
causa dessa criação, Senhor?
E o Senhor
respondeu:
– Você leu as especificações?
Ela tem que ser totalmente lavável, mas não pode ser de plástico; deve funcionar
à base de café e sobras de comida; ter um colo macio que sirva para acalentar as
crianças; um beijo que tenha o dom de curar qualquer coisa, desde ferimento no
joelho até namoro terminado; e três pares de olhos.
– Três pares de olhos, Senhor? E
para quê?
– Um para ver através de portas
fechadas, para quando alguém perguntar “o que é que as crianças estão fazendo lá
dentro?”; um atrás da cabeça, para ver perigos imprevistos; e um par de olhos
normais, para quando fitar alguém em apuros, lhe dizer sem palavras: “Eu te
compreendo e te amo”.
O anjo rodeou o modelo e
suspirou:
– É muito
delicada.
– Mas é resistente, rebate o
Senhor. Você não imagina o que esta mãe pode fazer ou
suportar.
– E ela
pensa?
– Não apenas pensa, mas discute
e faz acordos, explica o Criador.
Finalmente o anjo se curvou e,
pousando os dedos no rosto do modelo, disse:
– Há um
vazamento.
– Não é um vazamento, disse
Deus. É uma lágrima.
– E para que
serve?
– Para exprimir alegria,
tristeza, desapontamento, dor, solidão…
– O Senhor é um gênio, disse o
anjo, e se afastou.
Mas o Senhor, ficando sozinho,
sentiu-se melancólico e murmurou para si mesmo:
– Essa lágrima apareceu sozinha;
não fui eu quem a colocou aí…
MISTÉRIO
INDEVASSÁVEL
Intrigado (não só eu, mas também
as ciências psicológicas) com a complexidade do coração feminino – que as
próprias mulheres não desvendam e a Divindade já desistiu de perscrutar –, fiz
minhas pesquisas paralelas e, embora não tenha logrado êxito, posso dizer que
passei casqueirando pela solução. E para amenizar um pouco o assunto, já de per
si complicado, vou adaptar uma velha e inocente anedota para retratar esse caso
curioso.
Certa vez, em sonho, entre as
névoas diáfanas do Olimpo, eu conversei com Deus e pedi:
– Senhor, conte-me os segredos
do Apocalipse, para eu completar o meu livro “Brasil de Amanhã”, publicado pela
Mundo Maior Editora.
– Meu filho, o que você pede até
Eu tenho dificuldade para entender. Faça outro pedido.
– Conte-me, então, o mistério do
coração feminino.
Deus matutou, matutou, coçou a
cabeça, e saiu-se com esta:
– Em que parte do Apocalipse
você está mesmo interessado?
Dia Internacional da Mulher –
Homenagem – 2015