SÍNDROME DO NINHO VAZIO
Daqui para frente, para sempre, o seu coração caminhará por caminhos fora do seu corpo.
Não é a primeira vez que afirmo:
— Tomar uma decisão de ter um filho é algo que irá mudar sua vida inteira de forma implacável.
É verdade:
— Por causa de um filho, sua vida inteira será mudada de forma permanente.
Mas tenho sempre falado com pais de crianças, como eu (felizmente) sou...
— Hoje quero falar com pais de adolescentes:
Não é fácil ser pais de adolescentes.
Não é fácil ser adulto num mundo de adolescentes.
Não é fácil esperar que eles vivam as mesmas experiências e sintam as mesmas dores, e chorem as mesmas lágrimas, que nós, os adultos já vivenciamos, se seria tão mais fácil protegê-los, impedi-los, alertá-los.
Como pais, preparamos nossos filhos a vida inteira para que eles possam andar sozinhos. Só que na hora da despedida, o que nos resta é o sofrimento.
Quando os filhos são pequenos, os pais os acolhem e protegem: a casa, o colo, são ninhos onde as crianças pequenas repousam em segurança.
— Mas logo o pequeno pássaro começa a ensaiar seus vôos incertos:
Os braços dos pais já não servem mais como espaço para as descobertas.
Os braços dos pais terão de se abrir para que o ninho fique maior.
E serão os olhos dos pais, no espaço que seus braços já não podem conter que irão marcar os limites do ninho.
— O tempo passa sorrateiramente:
Os pássaros tímidos aprendem a voar sem medo.
Já não necessitam do olhar tranquilizador do pai.
É a adolescência. Ser pai de um adolescente nada tem a ver com ser pai de uma criança. Pobre do pai que continua a estender os braços para o filho adolescente...
Seus braços ficarão vazios.
Como se envergonharia um adolescente se seu pai fizesse isso, na presença dos seus companheiros!
Adolescente não quer ninho.
Adolescente quer asas.
Os ninhos, agora, só servem como pontos de partida para vôos em todas as direções. A liberdade.
— A volta ao ninho é o momento que não se deseja:
Porque a vida não está no ninho, está no vôo.
Os ninhos se transformam em gaiolas.
Se eles procuram os olhos dos pais não é para se certificar de que estão sendo vistos, mas para se certificar de que não estão sendo vistos!
Aos pais só resta contemplar, impotentes, o vôo dos filhos, sabendo que eles mesmos não podem ir.
Nos espaços por onde seus filhos voam os ninhos são proibidos.
Mas eles terão de voltar ao ninho, mesmo contra a vontade. E o pai se tranquiliza e pode finalmente dormir ao ouvir, de madrugada, o barulho da chave na porta: “Ele voltou...”.
Quem é pai tem o coração fora de lugar, coração que caminha, para sempre, por caminhos fora do seu próprio corpo. Caminha clandestino, no corpo do filho.
Quanto a nós, os abandonados pais, penso que podemos ser muito bem expressados por dois autores que souberam definir com excelência a sensação de ver os adolescentes alçarem vôos que não se sabe se darão certo:
Primeiro: Adélia Prado que diz:
“— Pior inferno é ver um filho sofrer sem poder ficar no lugar dele.”
Segundo: Vinícius de Morais, escrevendo ao filho:
“— Eu, muitas noites, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas que estavam reservadas para a tua...”
Não será possível protegê-los, como tão ilusoriamente sonhávamos. Mas é bom que os ninhos existam... É sempre bom e necessário ter para onde voltar...
Não é a primeira vez que afirmo:
— Tomar uma decisão de ter um filho é algo que irá mudar sua vida inteira de forma implacável.
É verdade:
— Por causa de um filho, sua vida inteira será mudada de forma permanente.
Mas tenho sempre falado com pais de crianças, como eu (felizmente) sou...
— Hoje quero falar com pais de adolescentes:
Não é fácil ser pais de adolescentes.
Não é fácil ser adulto num mundo de adolescentes.
Não é fácil esperar que eles vivam as mesmas experiências e sintam as mesmas dores, e chorem as mesmas lágrimas, que nós, os adultos já vivenciamos, se seria tão mais fácil protegê-los, impedi-los, alertá-los.
Como pais, preparamos nossos filhos a vida inteira para que eles possam andar sozinhos. Só que na hora da despedida, o que nos resta é o sofrimento.
Quando os filhos são pequenos, os pais os acolhem e protegem: a casa, o colo, são ninhos onde as crianças pequenas repousam em segurança.
— Mas logo o pequeno pássaro começa a ensaiar seus vôos incertos:
Os braços dos pais já não servem mais como espaço para as descobertas.
Os braços dos pais terão de se abrir para que o ninho fique maior.
E serão os olhos dos pais, no espaço que seus braços já não podem conter que irão marcar os limites do ninho.
— O tempo passa sorrateiramente:
Os pássaros tímidos aprendem a voar sem medo.
Já não necessitam do olhar tranquilizador do pai.
É a adolescência. Ser pai de um adolescente nada tem a ver com ser pai de uma criança. Pobre do pai que continua a estender os braços para o filho adolescente...
Seus braços ficarão vazios.
Como se envergonharia um adolescente se seu pai fizesse isso, na presença dos seus companheiros!
Adolescente não quer ninho.
Adolescente quer asas.
Os ninhos, agora, só servem como pontos de partida para vôos em todas as direções. A liberdade.
— A volta ao ninho é o momento que não se deseja:
Porque a vida não está no ninho, está no vôo.
Os ninhos se transformam em gaiolas.
Se eles procuram os olhos dos pais não é para se certificar de que estão sendo vistos, mas para se certificar de que não estão sendo vistos!
Aos pais só resta contemplar, impotentes, o vôo dos filhos, sabendo que eles mesmos não podem ir.
Nos espaços por onde seus filhos voam os ninhos são proibidos.
Mas eles terão de voltar ao ninho, mesmo contra a vontade. E o pai se tranquiliza e pode finalmente dormir ao ouvir, de madrugada, o barulho da chave na porta: “Ele voltou...”.
Quem é pai tem o coração fora de lugar, coração que caminha, para sempre, por caminhos fora do seu próprio corpo. Caminha clandestino, no corpo do filho.
Quanto a nós, os abandonados pais, penso que podemos ser muito bem expressados por dois autores que souberam definir com excelência a sensação de ver os adolescentes alçarem vôos que não se sabe se darão certo:
Primeiro: Adélia Prado que diz:
“— Pior inferno é ver um filho sofrer sem poder ficar no lugar dele.”
Segundo: Vinícius de Morais, escrevendo ao filho:
“— Eu, muitas noites, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas que estavam reservadas para a tua...”
Não será possível protegê-los, como tão ilusoriamente sonhávamos. Mas é bom que os ninhos existam... É sempre bom e necessário ter para onde voltar...