O que são vinte e um gramas?
O peso de uma barra de chocolate... De algumas moedas...
De um beija- flor...
Qual o peso da alma? O que se perde, o que se ganha na
vida?
* * *
Quem traz estas reflexões é o cineasta mexicano
Alejandro González Iñárritu, em seu longa metragem Vinte e um gramas
O título do filme é inspirado numa possível constatação
do exato peso que perdemos na hora da morte, que seriao peso da
alma.
Essa teoria teve sua origem nas pesquisas nada
convencionais realizadas por um médico alemão, no final dos anos oitenta.
O clínico trabalhava numa enfermaria onde se encontravam
diversos pacientes terminais.
Seus estudos baseavam-se na colocação de balanças, de grande precisão, nos pés dos leitos dos pacientes
e, na constatação de que, depois de sua morte, seu peso era decrescido de exatos
vinte e um gramas.
Segundo os estudos, em todos os
pacientes,independentemente das razões que levaram ao óbito, independentemente
de sexo ou peso, o valor perdido na balança era sempre o mesmo: vinte e um
gramas.
Não nos cabe julgar da veracidade, dos métodos e dos
resultados dessas pesquisas, emborasuas conclusões sejam deveras interessantes.
Elas são apenas um belo pano de fundo para algumas reflexões mais
profundas:
O que levamos desta vida? O que deixamos aqui? O que
perdemos ao partir? O que ganhamos depois de todo um existir na
Terra?
Em primeiro lugar, poderíamos afirmar, com certeza plena, que em vinte e um
gramas não há possibilidade de espaço para os bens da matéria, para as riquezas
do mundo – esses instrumentos que recebemos apenas como usufrutuários, enquanto
habitamos a Terra.
Pensando nesse sentido, vamos entender que nos vinte e
um gramas também não cabem as posições sociais ocupadas no mundo, mas somente
aquilo que a alma pode aprender exercendo-as.
O aprendizado é leve... O conhecimento é leve... As
qualidades morais da mesma forma e, por essa razão, podemos levá-los
conosco nesses poucos gramas de bagagem que nos são permitidos carregar
daqui.
Há lugar para os sentimentos... Muitos
sentimentos...
Alguns deles são pesados e espaçosos,
poderíamos dizer, como as mágoas, as tristezas, as culpas e, quando insistimos em levá-los, percebemos o grande volume que
tomaram.
Mais tarde, concluímos que existiam muitas outras
coisas que poderíamos ter transportado conosco no lugar deles, e não o
fizemos... Então,
lamentamos.
Lugar para as realizações? Sim. Também para os pequenos
e grandes momentos de alegria.
Ah! E não poderíamos esquecer da bagagem mais leve e
menos volumosa de todas, para a qual há quanto espaço desejarmos: o amor. Todo
amor que pudermos levar, e todo universo que vem com ele...
* *
*
Nos vinte e um gramas vão nossas verdades... E ficam
nossas mentiras.
Vão os sonhos a realizar... E a felicidade por aqueles
já realizados.
Ficam as preocupações fúteis... Os desgastes
tolos.
Vai a saudade... junto da esperança e certeza de
reencontros.
Fica a imagem do espelho... de um reflexo que chamávamos
de eu.
Nos vinte e um gramas pode ir nossa maturidade... E
ficar a ignorância.
Ou carregarmos ainda o ignorar, deixando aqui a
oportunidade do saber.
Tantos anos de vida... Tantas experiências... Tantas
coisas que aconteceram... E tudo que podemos levar pesa tanto como um
colibri...
* *
*
O que são vinte e um gramas?
O peso de uma barra de chocolate... De algumas moedas...
De um beija- flor...
Qual o peso da alma? O que se perde, o que se ganha na
vida?
Redação do Momento Espírita.
Em 20.5.2014.
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