Sobre a desencarnação
P: – Os ensinamentos que a Doutrina Espírita nos apresenta
nos preparam melhor para a desencarnação?
R: – O Espiritismo é o bê-a-bá
da Vida Espiritual. Sabendo o que nos espera, será mais fácil enfrentar a grande
transição. Imperioso reconhecer, porém, que o conhecimento espírita ajuda-nos no
trânsito para o além, mas como chegaremos lá é uma questão eminentemente
pessoal. Depende de como estamos vivendo, partindo do princípio evangélico de
que aquele que mais recebe mais terá que
dar.
*******************************************************
P:–
As religiões, de um modo geral, apregoam a continuidade do ser espiritual que
sobrevive à matéria. Apesar disso, as pessoas temem a morte. Por que isso
acontece?
R: – É que a morte ainda é a grande desconhecida. As religiões
tradicionais exaltam a sobrevivência, mas perdem-se em especulações teológicas,
fantasiosas, quando cogitam de como seria a vida além-túmulo, recusando-se à
iniciativa mais lógica, que seria a de conversar com os próprios mortos. É como
se pretendêssemos imaginar como é a vida na França sem nenhum contato com os
franceses. A ignorância sobre o assunto gera o temor. O Espiritismo ajuda-nos a
vencer esse problema, porquanto começa exatamente onde as outras religiões
terminam, devassando para nós o continente
espiritual.
***********************************************
P:– A
morte ou a desencarnação libera o Espírito. Para onde ele vai? Quem o
aguarda?
R: – A morte promove o encontro com a nossa própria consciência,
para uma avaliação da experiência humana. Esse tribunal incorruptível
determinará se seguiremos para regiões purgatoriais, onde, segundo a expressão
evangélica, “haverá choro e ranger de dentes”, ou se nos habilitaremos a
estagiar em comunidades diligentes e felizes, plenamente integradas no serviço
do bem.
***********************************************
P: – Como podemos ajudar o espírito
que acaba de desencarnar, principalmente as vítimas de tragédias como acidentes
automobilísticos, afogamentos, etc.?
R: – A morte não dói, mas impõe ao
espírito certos constrangimentos e até aflições, o que é perfeitamente
compreensível. Afinal, trata-se do desligamento de um corpo material ao qual
esteve vinculado por largos anos, colhendo por seu intermédio, experiências
sensoriais que se entranharam em sua intimidade, e das quais não é fácil
desvencilhar-se. Tais problemas são diretamente proporcionais à natureza da
morte: quanto mais abrupta, mais intensos. E inversamente proporcionais à
condição do Espírito que desencarna: quanto mais evoluído, menos intensos. Tudo
o que podemos fazer em seu beneficio é orar muito, conservando a serenidade e o
equilíbrio, confiando em Deus, porquanto o desencarnante é muito sensível às
vibrações dos familiares. Sentimentos de revolta, desespero e inconformidade
repercutem em seu psiquismo, dificultando o desligamento e atormentando-o na
vida espiritual.
********************************************
P: –
Nossos familiares desencarnados poderão continuar a nos ajudar, mesmo no mundo
espiritual?
R: – Nossos amados não estão isolados em compartimentos
estanques, no Além. Eles nos procuram, nos estimulam, nos amparam. Torcem por
nós, esperando que sejamos fortes e fiéis ao bem, no desdobramento de nossas
provações, a fim de que o reencontro mais tarde – tão certo quanto a própria
morte – seja em bases de vitória sobre as provações humanas, ensejando abençoado
porvir.
********************************************
P: – De que forma devemos lembrar
nossos entes queridos que desencarnaram? Visitando suas sepulturas nos
cemitérios?
R: – Cemitério não é sala de visita do Além. Ali há apenas a
veste carnal, decomposta, de alguém que transferiu residência para a
espiritualidade. Ele preferirá ser lembrado na intimidade do lar, com preces e
flores abençoadas de saudade, sem espinhos de inconformidade, como o fazem as
pessoas conscientes de que a morte não desfaz as ligações afetivas, nem situa
nossos amados em compartimentos estanques. Eles continuam vivos, amando-nos mais
do que nunca. Visitam-nos e nos ajudam, torcendo por nós, aguardando, com a
mesma ansiedade nossa, o reencontro feliz na
espiritualidade.
***************************
P: – A criatura
geralmente tem pavor da morte ou desencarnação, evitando comentar o assunto.
Isso é um erro?
R: – Trata-se de uma atitude irracional, já que a morte é
a única certeza da vida. Todos morremos um dia. O medo da morte, basicamente, é
o medo do desconhecido. Por isso o Espiritismo elimina nossos temores “matando”
a morte, na medida em que demonstra que ela é apenas um retorno à vida
espiritual, nossa pátria
verdadeira.
**********************************
P: – Por que acontecem
desencarnações de crianças, que estão apenas iniciando a jornada
terrena?
R: – É um problema cármico envolvendo o desencarnante e a
família. A existência curta frustra as expectativas do Espírito, impondo-lhe uma
valorização da jornada humana, não raro malbaratada no passado pelo suicídio. Os
pais, por sua vez, podem estar comprometidos com seus desatinos, por tê-los
estimulado ou favorecido. Não raro estão pagando pelo descaso e a
irresponsabilidade em anteriores experiências com a paternidade. Pode ocorrer,
também, que se trata de breve encarnação sacrificial, em que um Espírito
superior convive por alguns anos com afetos queridos na intimidade familiar,
fazendo do sofrimento decorrente da separação pela morte um vigoroso impulso no
sentido de que os pais superem as ilusões da Terra e cultivem os valores do
Céu.
*******************************************
P: – Por que
certos moribundos experimentam melhoras em seus quadros clínicos, a ponto de
tranqüilizar os familiares, e instantes depois desencarnam?
R: – Quando a
família não aceita a desencarnação, mergulhando no desespero, suas vibrações
desajustadas promovem uma sustentação artificial do moribundo, que não evita a
morte, mas prolonga a agonia. Os benfeitores espirituais promovem, então, com
recursos magnéticos, uma melhora artificial. O paciente parece entrar num quadro
de recuperação. Os familiares, mais tranqüilos, afastam-se, julgando que o pior
passou. Afrouxa-se a sustentação fluídica retentora e inicia-se o irreversível
processo desencarnatório. A sabedoria popular proclama: - “Foi a melhora da
morte”. Na verdade, trata-se apenas de um recurso da espiritualidade para
afastar familiares que atrapalham a
desencarnação.
***************************************
P: - A certeza da continuidade da
vida após a morte e as noções sobre a reencarnação ajudariam as pessoas a
vencerem o sentimento de desesperança?
R: – Sem dúvida. Tais realidades
descortinadas pela Doutrina Espírita, muito mais do que simples esperanças, nos
oferecem segurança diante da vida e alegria de
viver.
************************
Richard Simonetti
Ausência de Notícias
“Entre as causas que podem se opor à manifestação do um
espírito, algumas lhe são pessoais outras lhe são estranhas. É preciso colocar
entre as primeiras, suas ocupações ou as missões que cumprem, e das quais não
pode desviar-se para ceder aos nossos desejos; nesta caso sua visita não é senão
adiada.” (Cap. XXV – Segunda parte – Item- 275 - Livro dos
Médiuns)
Embora permaneçam vinculados à Terra, nem todos os espíritos
encontram-se em condições de comunicar-se mediunicamente com os que se demoram
na luta física. Nem médiuns em número suficiente teríamos para tal cometimento,
se os espíritos pudessem se manifestar como desejariam.
Quando
desencarnam, os espíritos prosseguem em suas atividades no Mundo Espiritual:
Alguns ascendem a regiões superiores da vida, em obediência aos impositivos da
própria evolução, e outros precipitam-se nas regiões infelizes de onde não
conseguem ausentar-se com facilidade.
Algemados a preconceitos de caráter
religioso, dos quais não se libertam mesmo depois da morte, alguns espíritos
recusam-se a “voltar” e manter contato com os que procuram saber como estão;
outros reencontrando antigas afinidades, como que se “esquecem” dos laços
consanguíneos a que se prenderam por determinado tempo...
Alguns
desencarnados tentaram o difícil intercâmbio com os parentes e amigos,
desistindo por não encontrar receptividade necessária ou contar com o interesse
deles; outros, de acordo com as provações em que estejam envolvidos, como que se
condenam ao silêncio, talvez justamente por ter ridicularizado semelhante
oportunidade...
Enfim, são múltiplas as razões para a ausência de
notícias da parte dos espíritos.
Alguns, se manifestam, certamente
haveriam de complicar a situação dos que pelejam no mundo, culpando-os pelas
dificuldades que faceiam deste outro lado da vida; outros abordariam assuntos
“censurados” pelos benfeitores espirituais, de vez que não lhes assiste o
direito de se utilizar de um médium para intranquilizar os
homens...
Alguns simplesmente não se expressam porque, dentro de um
período relativamente curto, são reconduzidos á reencarnação e outros, em se
vendo fora do corpo, se revelam indiferentes aos companheiros da retaguarda
material...
Juntando-se às razões anotadas aqui, carecemos de levar em
consideração o problema do médium que não se encontra apto para estabelecer
sintonia com todo ou qualquer espírito que dele se aproxima. Existe ainda a
questão fundamenta da simpatia entre o médium, o espírito, e os familiares
interessados na mensagem. Não raro, o espírito se envergonha de expor ao
público, e o médium, por sua vez, teme não corresponder ás expectativas das
pessoas que, normalmente são muito exigentes, não considerando as limitações
naturais de um intercâmbio dessa natureza.
Grande parte dos comunicados
de Além-túmulo acontece com a intermediação dos espíritos-médiuns, ou seja, dos
espíritos que, em nome dos evocados e com a devida permissão dos benfeitores,
transmitem os seus recados aos corações amados, saudosos de suas notícias. Allan
Kardec, em O livro dos médiuns, faz uma consideração de suma importância:
“...
Uma primeira conversa não
é tão satisfatória que se poderia desejar, e é por isso também que os próprios
espíritos, frequentemente, pedem para se chamados de novo. Pode acontecer,
portanto, que numa primeira comunicação o espírito deixe a desejar; somente como
o tempo, criando uma maior sintonia com o médium, ele irá se soltando mais,
conseguindo se expressar com o desembaraço necessário.
Depois de certa
insistência, através de um médium, na obtenção de notícias desse ou daquele
familiar desencarnado, se a comunicação desejada não se concretiza, convém que
as pessoas desistam ou, então, efetuem tentativas por um outro médium que
ofereçam aos espíritos condições ideais. O que não é possível através de um
médium, pode ser através de outro. Isto é perfeitamente
compreensível.
Somos da opinião, que de um modo geral, as pessoas
deveriam evitar obter mensagens de um mesmo espírito, através de médiuns
diferentes. Temos visto muita gente perder a fé por isso.
Julgando os
referidos comunicados contraditórios, porque não possuem o indispensável
conhecimento doutrinário para discerni-los, acabam cavando o abismo da própria
descrença.
******************************
MEDIUNIDADE E
EVANGELHO
Odilon Fernandes
Carlos A. Bacelli
O TELEFONE MEDIÚNICO
Uns não acreditam
nas comunicações dos espíritos, outros acreditam demais e querem obtê-las com a
facilidade de uma ligação telefônica. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra! Se as
comunicações entre as criaturas terrenas nem sempre são fáceis, que dizer das
que se processam entre os espíritos e os homens? Muita gente procura o médium
como se ele fosse uma espécie de cabina telefônica. Mas nem sempre o circuito
está livre e muitas vezes o espírito chamado não pode atender.
Não há
dúvida que estamos na época profetizada por Joel, em que as manifestações se
intensificam por toda parte. Nem todos os espíritos, porém, estão em condições
de comunicar-se com facilidade. Além desazo, a manifestação solicitada pode ser
inconveniente no momento, tanto para o espírito quanto para o
encarnado.
A morte é um fenômeno psicobiológico que ocorre de várias
maneiras de acordo com as condições ídeo-emotivas de cada caso, envolvendo o que
parte e os que ficam. A questão 155 de O Livro dos Espíritos explica de maneira
clara a complexidade do processo de desencarnação. Alguns espíritos se libertam
rapidamente do corpo, outros demoram a fazê-lo e isso retarda a sua
possibilidade de comunicar-se.
Devemos lembrar ainda que os espíritos são
criaturas livres e conscientes. Não estão ao sabor dos nossos caprichos e nenhum
médium ou diretor de sessões tem o poder de fazê-los atender aos nossos
chamados. Quando querem manifestar-se, eles o fazem espontaneamente, e não raro
de maneira inesperada. Enganam-se os que pensam que podem dominá-los. Já
ensinava Jesus, como vemos nos Evangelhos: o espírito sopra onde quer e ninguém
sabe de onde vem nem para onde vai.
É natural que os familiares aflitos
procurem obter a comunicação de um ente querido. Mas convém que se lembrem da
necessidade de respeitar as leis que regem as condições do espírito na vida e na
morte. O intercâmbio mediúnico é um ato de amor que só deve realizar-se quando
conveniente para os dois lados. O Espiritismo nos ensina a respeitar a morte
como respeitamos a vida, confiando nos desígnios de Deus. Só a Misericórdia Divina pode regular o
diálogo entre os vivos da Terra e os vivos do Além. Façamos nossas preces em
favor dos que partiram e esperemos em Deus a graça do reencontro que só Ele nos
pode conceder.
Muitos religiosos condenam as comunicações mediúnicas,
alegando que elas violam o mistério da morte e perturbam o repouso dos mortos.
Esquecem-se de que os próprios espíritos de pessoas falecidas procuram
comunicar-se com os vivos. Foi dessa procura de comunicação dos mortos, tão
insistente no mundo inteiro, que se iniciaram de maneira natural as relações
mediúnicas entre o mundo visível e o invisível. O conceito errôneo da morte,
como aniquilamento ou transformação total da criatura humana, gera e sustenta
essas formas de superstição. O Espiritismo, revivendo os fundamentos esquecidos
do Cristianismo puro, mostra-nos que a comunicação mediúnica é lei da vida a nos
libertar de erros e temores supersticiosos do
passado.
********************Irmão Saulo
Do
livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido
Xavier e J. Herculano Pires.
ANTE O MAIS ALÉM
Anseias pela
manifestação dos entes amados que te antecederam na grande viagem da
desencarnação.
Pondera, entretanto, relativamente à presença deles no
plano físico, onde te encontras ainda, e remonta os cuidados que te recebiam nos
instantes de luta e sofrimento: medicação para a enfermidade e entendimento nas
horas de crise.
Aqueles que se afiguram mortos estão vivos. E todos os
teus pensamentos, com respeito a eles, alcançam-lhes o espírito com endereço
exato.
*
Imagina uma pessoa em desequilíbrio emocional que
gritasse em lágrimas ao telefone, rogando consolo e coragem ao ente amado na
outra ponta do fio, hospitalizado para tratamento de reajuste, a exigir bastas
vezes socorro mais intensivo.
Decerto que os responsáveis pelo doente, de
um lado, e pelo outro, o enfermo, à distância, tudo fariam para adiar o encontro
solicitado, considerando que aflição mais aflição somariam apenas desespero
maior.
*
Diante dos seres queridos domiciliados no Mais Além,
reflete, acima de tudo, na infinita bondade de Deus, que nos empresta as
afeições uns dos outros por tempo determinado, a fim de aprendermos, através de
comunhões e separações temporárias, a entesourar o amor indestrutível que nos
reunirá, um dia, na felicidade sem adeus.
E enquanto perdure a distância,
do ponto de vista físico, cultiva a saudade nas leiras do serviço ao próximo,
qual se estivesse amparando e auxiliando a eles mesmos, tanto quanto efetuando
em lugar deles tudo quanto desejariam fazer. Assim construirás, gradativamente,
a ponte de intercâmbio pela qual virão ter espontaneamente contigo, de modo a
compreenderes que berço e túmulo, existência e morte, são caminhos da evolução
para a vida imortal.
****************
Emmanuel
Chico
Xavier
P: – Os ensinamentos que a Doutrina Espírita nos apresenta nos preparam melhor para a desencarnação?
R: – O Espiritismo é o bê-a-bá da Vida Espiritual. Sabendo o que nos espera, será mais fácil enfrentar a grande transição. Imperioso reconhecer, porém, que o conhecimento espírita ajuda-nos no trânsito para o além, mas como chegaremos lá é uma questão eminentemente pessoal. Depende de como estamos vivendo, partindo do princípio evangélico de que aquele que mais recebe mais terá que dar.
*******************************************************
P:– As religiões, de um modo geral, apregoam a continuidade do ser espiritual que sobrevive à matéria. Apesar disso, as pessoas temem a morte. Por que isso acontece?
R: – É que a morte ainda é a grande desconhecida. As religiões tradicionais exaltam a sobrevivência, mas perdem-se em especulações teológicas, fantasiosas, quando cogitam de como seria a vida além-túmulo, recusando-se à iniciativa mais lógica, que seria a de conversar com os próprios mortos. É como se pretendêssemos imaginar como é a vida na França sem nenhum contato com os franceses. A ignorância sobre o assunto gera o temor. O Espiritismo ajuda-nos a vencer esse problema, porquanto começa exatamente onde as outras religiões terminam, devassando para nós o continente espiritual.
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P:– A morte ou a desencarnação libera o Espírito. Para onde ele vai? Quem o aguarda?
R: – A morte promove o encontro com a nossa própria consciência, para uma avaliação da experiência humana. Esse tribunal incorruptível determinará se seguiremos para regiões purgatoriais, onde, segundo a expressão evangélica, “haverá choro e ranger de dentes”, ou se nos habilitaremos a estagiar em comunidades diligentes e felizes, plenamente integradas no serviço do bem.
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P: – Como podemos ajudar o espírito que acaba de desencarnar, principalmente as vítimas de tragédias como acidentes automobilísticos, afogamentos, etc.?
R: – A morte não dói, mas impõe ao espírito certos constrangimentos e até aflições, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, trata-se do desligamento de um corpo material ao qual esteve vinculado por largos anos, colhendo por seu intermédio, experiências sensoriais que se entranharam em sua intimidade, e das quais não é fácil desvencilhar-se. Tais problemas são diretamente proporcionais à natureza da morte: quanto mais abrupta, mais intensos. E inversamente proporcionais à condição do Espírito que desencarna: quanto mais evoluído, menos intensos. Tudo o que podemos fazer em seu beneficio é orar muito, conservando a serenidade e o equilíbrio, confiando em Deus, porquanto o desencarnante é muito sensível às vibrações dos familiares. Sentimentos de revolta, desespero e inconformidade repercutem em seu psiquismo, dificultando o desligamento e atormentando-o na vida espiritual.
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P: – Nossos familiares desencarnados poderão continuar a nos ajudar, mesmo no mundo espiritual?
R: – Nossos amados não estão isolados em compartimentos estanques, no Além. Eles nos procuram, nos estimulam, nos amparam. Torcem por nós, esperando que sejamos fortes e fiéis ao bem, no desdobramento de nossas provações, a fim de que o reencontro mais tarde – tão certo quanto a própria morte – seja em bases de vitória sobre as provações humanas, ensejando abençoado porvir.
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P: – De que forma devemos lembrar nossos entes queridos que desencarnaram? Visitando suas sepulturas nos cemitérios?
R: – Cemitério não é sala de visita do Além. Ali há apenas a veste carnal, decomposta, de alguém que transferiu residência para a espiritualidade. Ele preferirá ser lembrado na intimidade do lar, com preces e flores abençoadas de saudade, sem espinhos de inconformidade, como o fazem as pessoas conscientes de que a morte não desfaz as ligações afetivas, nem situa nossos amados em compartimentos estanques. Eles continuam vivos, amando-nos mais do que nunca. Visitam-nos e nos ajudam, torcendo por nós, aguardando, com a mesma ansiedade nossa, o reencontro feliz na espiritualidade.
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P: – A criatura geralmente tem pavor da morte ou desencarnação, evitando comentar o assunto. Isso é um erro?
R: – Trata-se de uma atitude irracional, já que a morte é a única certeza da vida. Todos morremos um dia. O medo da morte, basicamente, é o medo do desconhecido. Por isso o Espiritismo elimina nossos temores “matando” a morte, na medida em que demonstra que ela é apenas um retorno à vida espiritual, nossa pátria verdadeira.
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P: – Por que acontecem desencarnações de crianças, que estão apenas iniciando a jornada terrena?
R: – É um problema cármico envolvendo o desencarnante e a família. A existência curta frustra as expectativas do Espírito, impondo-lhe uma valorização da jornada humana, não raro malbaratada no passado pelo suicídio. Os pais, por sua vez, podem estar comprometidos com seus desatinos, por tê-los estimulado ou favorecido. Não raro estão pagando pelo descaso e a irresponsabilidade em anteriores experiências com a paternidade. Pode ocorrer, também, que se trata de breve encarnação sacrificial, em que um Espírito superior convive por alguns anos com afetos queridos na intimidade familiar, fazendo do sofrimento decorrente da separação pela morte um vigoroso impulso no sentido de que os pais superem as ilusões da Terra e cultivem os valores do Céu.
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P: – Por que certos moribundos experimentam melhoras em seus quadros clínicos, a ponto de tranqüilizar os familiares, e instantes depois desencarnam?
R: – Quando a família não aceita a desencarnação, mergulhando no desespero, suas vibrações desajustadas promovem uma sustentação artificial do moribundo, que não evita a morte, mas prolonga a agonia. Os benfeitores espirituais promovem, então, com recursos magnéticos, uma melhora artificial. O paciente parece entrar num quadro de recuperação. Os familiares, mais tranqüilos, afastam-se, julgando que o pior passou. Afrouxa-se a sustentação fluídica retentora e inicia-se o irreversível processo desencarnatório. A sabedoria popular proclama: - “Foi a melhora da morte”. Na verdade, trata-se apenas de um recurso da espiritualidade para afastar familiares que atrapalham a desencarnação.
***************************************
P: - A certeza da continuidade da vida após a morte e as noções sobre a reencarnação ajudariam as pessoas a vencerem o sentimento de desesperança?
R: – Sem dúvida. Tais realidades descortinadas pela Doutrina Espírita, muito mais do que simples esperanças, nos oferecem segurança diante da vida e alegria de viver.
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Richard Simonetti
Ausência de Notícias
“Entre as causas que podem se opor à manifestação do um espírito, algumas lhe são pessoais outras lhe são estranhas. É preciso colocar entre as primeiras, suas ocupações ou as missões que cumprem, e das quais não pode desviar-se para ceder aos nossos desejos; nesta caso sua visita não é senão adiada.” (Cap. XXV – Segunda parte – Item- 275 - Livro dos Médiuns)
Embora permaneçam vinculados à Terra, nem todos os espíritos encontram-se em condições de comunicar-se mediunicamente com os que se demoram na luta física. Nem médiuns em número suficiente teríamos para tal cometimento, se os espíritos pudessem se manifestar como desejariam.
Quando desencarnam, os espíritos prosseguem em suas atividades no Mundo Espiritual: Alguns ascendem a regiões superiores da vida, em obediência aos impositivos da própria evolução, e outros precipitam-se nas regiões infelizes de onde não conseguem ausentar-se com facilidade.
Algemados a preconceitos de caráter religioso, dos quais não se libertam mesmo depois da morte, alguns espíritos recusam-se a “voltar” e manter contato com os que procuram saber como estão; outros reencontrando antigas afinidades, como que se “esquecem” dos laços consanguíneos a que se prenderam por determinado tempo...
Alguns desencarnados tentaram o difícil intercâmbio com os parentes e amigos, desistindo por não encontrar receptividade necessária ou contar com o interesse deles; outros, de acordo com as provações em que estejam envolvidos, como que se condenam ao silêncio, talvez justamente por ter ridicularizado semelhante oportunidade...
Enfim, são múltiplas as razões para a ausência de notícias da parte dos espíritos.
Alguns, se manifestam, certamente haveriam de complicar a situação dos que pelejam no mundo, culpando-os pelas dificuldades que faceiam deste outro lado da vida; outros abordariam assuntos “censurados” pelos benfeitores espirituais, de vez que não lhes assiste o direito de se utilizar de um médium para intranquilizar os homens...
Alguns simplesmente não se expressam porque, dentro de um período relativamente curto, são reconduzidos á reencarnação e outros, em se vendo fora do corpo, se revelam indiferentes aos companheiros da retaguarda material...
Juntando-se às razões anotadas aqui, carecemos de levar em consideração o problema do médium que não se encontra apto para estabelecer sintonia com todo ou qualquer espírito que dele se aproxima. Existe ainda a questão fundamenta da simpatia entre o médium, o espírito, e os familiares interessados na mensagem. Não raro, o espírito se envergonha de expor ao público, e o médium, por sua vez, teme não corresponder ás expectativas das pessoas que, normalmente são muito exigentes, não considerando as limitações naturais de um intercâmbio dessa natureza.
Grande parte dos comunicados de Além-túmulo acontece com a intermediação dos espíritos-médiuns, ou seja, dos espíritos que, em nome dos evocados e com a devida permissão dos benfeitores, transmitem os seus recados aos corações amados, saudosos de suas notícias. Allan Kardec, em O livro dos médiuns, faz uma consideração de suma importância: “...
Uma primeira conversa não é tão satisfatória que se poderia desejar, e é por isso também que os próprios espíritos, frequentemente, pedem para se chamados de novo. Pode acontecer, portanto, que numa primeira comunicação o espírito deixe a desejar; somente como o tempo, criando uma maior sintonia com o médium, ele irá se soltando mais, conseguindo se expressar com o desembaraço necessário.
Depois de certa insistência, através de um médium, na obtenção de notícias desse ou daquele familiar desencarnado, se a comunicação desejada não se concretiza, convém que as pessoas desistam ou, então, efetuem tentativas por um outro médium que ofereçam aos espíritos condições ideais. O que não é possível através de um médium, pode ser através de outro. Isto é perfeitamente compreensível.
Somos da opinião, que de um modo geral, as pessoas deveriam evitar obter mensagens de um mesmo espírito, através de médiuns diferentes. Temos visto muita gente perder a fé por isso.
Julgando os referidos comunicados contraditórios, porque não possuem o indispensável conhecimento doutrinário para discerni-los, acabam cavando o abismo da própria descrença.
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MEDIUNIDADE E EVANGELHO
Odilon Fernandes
Carlos A. Bacelli
O TELEFONE MEDIÚNICO
Uns não acreditam nas comunicações dos espíritos, outros acreditam demais e querem obtê-las com a facilidade de uma ligação telefônica. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra! Se as comunicações entre as criaturas terrenas nem sempre são fáceis, que dizer das que se processam entre os espíritos e os homens? Muita gente procura o médium como se ele fosse uma espécie de cabina telefônica. Mas nem sempre o circuito está livre e muitas vezes o espírito chamado não pode atender.
Não há dúvida que estamos na época profetizada por Joel, em que as manifestações se intensificam por toda parte. Nem todos os espíritos, porém, estão em condições de comunicar-se com facilidade. Além desazo, a manifestação solicitada pode ser inconveniente no momento, tanto para o espírito quanto para o encarnado.
A morte é um fenômeno psicobiológico que ocorre de várias maneiras de acordo com as condições ídeo-emotivas de cada caso, envolvendo o que parte e os que ficam. A questão 155 de O Livro dos Espíritos explica de maneira clara a complexidade do processo de desencarnação. Alguns espíritos se libertam rapidamente do corpo, outros demoram a fazê-lo e isso retarda a sua possibilidade de comunicar-se.
Devemos lembrar ainda que os espíritos são criaturas livres e conscientes. Não estão ao sabor dos nossos caprichos e nenhum médium ou diretor de sessões tem o poder de fazê-los atender aos nossos chamados. Quando querem manifestar-se, eles o fazem espontaneamente, e não raro de maneira inesperada. Enganam-se os que pensam que podem dominá-los. Já ensinava Jesus, como vemos nos Evangelhos: o espírito sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem nem para onde vai.
É natural que os familiares aflitos procurem obter a comunicação de um ente querido. Mas convém que se lembrem da necessidade de respeitar as leis que regem as condições do espírito na vida e na morte. O intercâmbio mediúnico é um ato de amor que só deve realizar-se quando conveniente para os dois lados. O Espiritismo nos ensina a respeitar a morte como respeitamos a vida, confiando nos desígnios de Deus. Só a Misericórdia Divina pode regular o diálogo entre os vivos da Terra e os vivos do Além. Façamos nossas preces em favor dos que partiram e esperemos em Deus a graça do reencontro que só Ele nos pode conceder.
Muitos religiosos condenam as comunicações mediúnicas, alegando que elas violam o mistério da morte e perturbam o repouso dos mortos. Esquecem-se de que os próprios espíritos de pessoas falecidas procuram comunicar-se com os vivos. Foi dessa procura de comunicação dos mortos, tão insistente no mundo inteiro, que se iniciaram de maneira natural as relações mediúnicas entre o mundo visível e o invisível. O conceito errôneo da morte, como aniquilamento ou transformação total da criatura humana, gera e sustenta essas formas de superstição. O Espiritismo, revivendo os fundamentos esquecidos do Cristianismo puro, mostra-nos que a comunicação mediúnica é lei da vida a nos libertar de erros e temores supersticiosos do passado.
********************Irmão Saulo
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
ANTE O MAIS ALÉM
Anseias pela manifestação dos entes amados que te antecederam na grande viagem da desencarnação.
Pondera, entretanto, relativamente à presença deles no plano físico, onde te encontras ainda, e remonta os cuidados que te recebiam nos instantes de luta e sofrimento: medicação para a enfermidade e entendimento nas horas de crise.
Aqueles que se afiguram mortos estão vivos. E todos os teus pensamentos, com respeito a eles, alcançam-lhes o espírito com endereço exato.
*
Imagina uma pessoa em desequilíbrio emocional que gritasse em lágrimas ao telefone, rogando consolo e coragem ao ente amado na outra ponta do fio, hospitalizado para tratamento de reajuste, a exigir bastas vezes socorro mais intensivo.
Decerto que os responsáveis pelo doente, de um lado, e pelo outro, o enfermo, à distância, tudo fariam para adiar o encontro solicitado, considerando que aflição mais aflição somariam apenas desespero maior.
*
Diante dos seres queridos domiciliados no Mais Além, reflete, acima de tudo, na infinita bondade de Deus, que nos empresta as afeições uns dos outros por tempo determinado, a fim de aprendermos, através de comunhões e separações temporárias, a entesourar o amor indestrutível que nos reunirá, um dia, na felicidade sem adeus.
E enquanto perdure a distância, do ponto de vista físico, cultiva a saudade nas leiras do serviço ao próximo, qual se estivesse amparando e auxiliando a eles mesmos, tanto quanto efetuando em lugar deles tudo quanto desejariam fazer. Assim construirás, gradativamente, a ponte de intercâmbio pela qual virão ter espontaneamente contigo, de modo a compreenderes que berço e túmulo, existência e morte, são caminhos da evolução para a vida imortal.
****************
Emmanuel
Chico Xavier