Tarsila do Amaral e Chico Xavier,
uma amizade além da morte
Tarsila do Amaral, uma das
principais artistas modernistas brasileiras, foi uma grande amiga de Chico
Xavier. "Quero ser a pintora da minha terra." Foi assim que Tarsila definiu uma
vez sua ambição nas artes do Brasil. E é assim que, hoje, o seu trabalho é
reconhecido como um dos mais notáveis. Suas telas estão presentes em museus
nacionais e internacionais.
As pessoas chegam ao Espiritismo
por dois caminhos: ou pelo amor ou pela dor. Em 1966, uma tragédia em sua vida a
aproximou de Chico. Tarsila perdeu sua única filha, Dulce, vítima de diabetes. A
amizade do médium a levou a doar parte do dinheiro da venda de quadros para a
instituição administrada por Chico Xavier.
Beatriz, a única neta de Tarsila
já tinha falecido no final dos anos 40, afogada. Chico Xavier trouxe a ela muita
paz espiritual. Eles trocavam muitas cartas e sempre que estava em São Paulo,
Chico visitava Tarsila
Tarsila viveu presa ao leito em
seus últimos anos na Terra, devido a uma grave queda. Chico carinhosamente
levava a ela seu estímulo para que continuasse seu trabalho. Ministrava-lhe
passes e o perfume exalado nesses momentos era sentido por todos os
presentes.
Nem mesmo depois do desencarne
de Tarsila, Chico deixou de ter contato com a amiga, como conta o
jornalistaMarcel Souto Maior, no livro “As Vidas de Chico Xavier” escrito, da
Editora Planeta.
“
Em setembro de 1976, Chico Xavier recebeu a visita
do médium Luiz Antônio Gasparetto, então com 26 anos e recém-formado em
Psicologia. O jovem deixava espectadores boquiabertos ao pintar, em minutos, com
as mãos e os pés, sempre de olhos fechados, telas assinadas por mestres mortos
como Toulouse-Lautrec, Renoir, Manet, Goya, Van Gogh, Matisse e Rembrandt. Na
época, ele começava a ser considerado uma espécie de Chico Xavier da pintura. O
encontro dos dois rendeu um espetáculo insólito.
A música de Gounod, Donizetti, Beethoven tomou
conta do ambiente e, em instantes, Gasparetto abriu a boca e se identificou, com
sotaque francês. Boa tarde.
- Sou Toulouse-Lautrec.
Em segundos, seus dedos e as palmas das mãos já
estavam lambuzadas de tinta. Em menos de cinqüenta segundos, um borrão no centro
da tela se transformou num contorno de mulher. Chico, compenetrado, assumiu o
papel de narrador dos bastidores invisíveis da sessão. Gasparetto usava as duas
mãos para pintar uma tela intitulada Dois Esboços e Chico anunciava a presença
de dois espíritos, um em cada braço do rapaz, empenhados em movimentos livres e
não sincronizados. De repente, antes de aparecer na tela a assinatura da
pintora, Chico anunciou a presença da pintora brasileira Tarsila do Amaral, já
falecida.
- Sinto um impacto ao ver o espírito dessa amiga de
pé, manipulando o braço do médium. Tive o privilégio de assistir à evolução
espiritual e artística de Tarsila quando, paralítica, presa a um leito,
retratava seus personagens invariavelmente com a cabeça
pequena.
Na tela, em instantes, apareceu a figura de uma
mulher deitada. Era um auto-retrato póstumo”.
Tarsila do Amaral desencarnou no
dia 17 de janeiro de 1973, aos 86 anos de idade, em São Paulo, no Hospital da
Beneficência Portuguesa. Foi pintora e desenhista, assim como uma das figuras
centrais da primeira fase do movimento modernista brasileiro, ao lado de outros
grandes artistas, que repercutiu fortemente no cenário artístico e na sociedade
brasileira na primeira metade do século XX.
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