MANOEL PHILOMENO
DE MIRANDA
TEMAS
DE VIDA E DA MORTE - CONTINUAÇÃO DO ÍTEM 9 - VEJA ATÉ ITEM
16
(Fonte: Prefácio e capítulos 1 a 4.)
9.Os conflitos da criança por culpa dos pais
imaturos - Desde que não esteja ainda concluída a reencarnação, o
Espírito ouvirá e entenderá as sugestões positivas que lhe são apresentadas, o
amor que lhe é oferecido e toda a gama de afeição que lhe é destinada. Muitas
vezes um conflito sexual se origina, na criança, em face da decepção da mãe que
esperava um varão e recebeu uma menina, ou vice-versa, e, vítima de imaturidade,
declara seu desagrado, explodindo em pranto injustificado, assim chocando o
recém-chegado, que lhe recebe o rechaço, vindo a exteriorizá-lo, mais tarde, em
forma de conflito. Sempre é tempo, no entanto, de reconsiderar-se a atitude,
reconciliando-se com o ser menosprezado, graças ao grau de amor e à força do bem
que se coloque no relacionamento afetivo lúcido, quando o mesmo estiver
dormindo, portanto, em situação receptiva. O inconsciente receberá as novas
informações, que serão arquivadas e ressumarão, posteriormente, de forma
agradável e cordial, estruturando a personalidade infanto-juvenil e
proporcionando-lhe mais amplas aquisições que logrará com o tempo, conduzido por
aqueles a cujo lado recomeça a caminhada redentora. Mesmo na adolescência,
quando não se soube agir antes, deve-se tentar recuperar o filho, reconquistá-lo,
conversando com ele, em estado de sono, perseverando-se em um relacionamento
tranqüilo e gentil, também durante a fase em que esteja desperto, agindo com
amor ao invés de reagir com ira ou zombaria, quando ele apresente seus
conflitos, suas dificuldades. O importante no caso não será o ato de falar, pura
e simplesmente, mas a empatia, o contributo da emoção afetuosa com os quais a
palavra se carregue, para alcançar a finalidade a que se destina. Por fim, é
preciso que a carga de certeza do êxito se faça presente, conforme enunciou
Jesus: “Tudo é possível àquele que crê”,
para que os resultados felizes coroem a empresa do amor. (Reminiscências e conflitos psicológicos,
pp. 22 e 23.)
10. O sono é uma espécie de treino para a morte -
Já se disse, com muita propriedade, que o sono é uma forma de morte. Nesse
sentido, diariamente, o homem, ao deitar-se, realiza, ainda que
inconscientemente, um treino para esse fenômeno biológico terminal. De modo
semelhante ao que ocorre na morte, em que o Espírito só se liberta com
facilidade do corpo mediante conquistas anteriores de desapego e renúncia,
reflexões e desinteresse pelas paixões mais vigorosas, no sono há uma ocorrência
equivalente, pois que o ser espiritual possui maior ou menor movimentação
conforme as suas fixações e conquistas. O Espírito sempre está em ação, até onde
podemos concebê-la. A inatividade não se encontra presente nas Leis da Vida.
Mesmo nos momentos de repouso, o Espírito se movimenta atraído por aquilo que
mais lhe diz respeito. O sono é, portanto, uma necessidade para o refazimento
orgânico, o restabelecimento de energias do corpo, o reequilíbrio das funções
que o acionam. Logo que o corpo adormece, e, às vezes, mesmo antes do sono
total, afrouxam-se os liames que atam o Espírito à matéria, e ele se desprende,
parcialmente, rumando para os lugares e pessoas aos quais se vincula. Graças a
essa movimentação, quando retorna ao domicílio carnal, traz as impressões e
lembranças que imprime no cérebro, constituindo-lhe o complexo capítulo dos
sonhos. Detendo-nos apenas nos fenômenos oníricos de ordem espiritual, estes
preservam uma correlação entre o estado de evolução do ser e os acontecimentos
de que participa. Num recinto de pessoas vadias, os que ali se encontram
comprazem-se nos mesmos gostos. O mesmo se dá num local reservado à cultura ou
às artes, à fé ou ao trabalho. Há leis de afinidades que respondem pelas
aglutinações sócio-morais-intelectuais, reunindo os seres conforme os padrões e
valores nos quais se demoram. Parcialmente liberto pelo sono, o Espírito segue a
direção dos ambientes que lhe são agradáveis durante a lucidez física, ou onde
gostaria de estar, caso lhe permitissem as possibilidades normais. Em tal
circunstância, pode viajar com os seres amados, que reencontra além da cortina
carnal, participando dos seus estudos e realizações, aprendendo lições que lhe
ficarão em gérmen, penetrando, inclusive, nos registros do passado e do futuro.
(Vida, Sono e Sonho, pp. 25 e
26.)
11. Os contatos durante o sono nem sempre são
agradáveis - É desse fato que decorre a aquisição de informes que o
Espírito desconhecia, sejam do passado, sejam relacionados com o futuro, dando
margem às retrocognições e precognições, do agrado dos modernos pesquisadores
das ciências paranormais. Ele defronta também, ao mesmo tempo, pessoas
conhecidas nos redutos aonde vá, estabelecendo admiráveis fenômenos de
comunicação entre vivos na esfera física. Nem sempre, porém, as viagens em corpo
espiritual, durante o sono, levam aos ambientes de felicidade e progresso, onde
se cultiva o bem, o bom e o belo. Mais facilmente, em razão do hábito dos
pensamentos ultrajantes, fesceninos e brutais, os Espíritos que se comprazem
nisso arrebatam o encarnado e levam-no aos redutos do crime e da perversão, onde
se lhes ampliam as percepções negativas.
(N.R.: Fescenino: obsceno, licencioso.)
O indivíduo inspira-se, ali, naquelas regiões de vandalismo e
promiscuidade psíquica, e depois traz para o comportamento diário as aberrações
que busca. Crimes vergonhosos e programas vis são concertados nesses ambientes
espirituais, que pululam nas cercanias da Terra, onde se urdem obsessões e
vinditas em clima de perversidade sob o comando de mentes implacáveis, que ditam
as normas de ação, para que se cumpram os planos nefastos. Quando o Espírito
mantém resistências, que o resguardam da vulgaridade e da aberração, retorna
desses antros de réprobos e padece pesadelos horripilantes. Contudo, se já
chafurda nos mesmos ignóbeis comércios de insensatez e loucura, volve ao corpo
aturdido, embora fixado no que lhe cumpre executar, como autômato que foi,
vítima de hipnose profunda. Acentue-se, porém, que esta não lhe é imposta, pois
que foi buscada espontaneamente. (Vida,
Sono e Sonho, pp. 26 e 27.)
12. Preparar-se para dormir é muito importante - O
inverso disso também ocorre amiúde, quando o homem aspira aos ideais de
enobrecimento da Humanidade, tornando-se instrumento dos promotores da evolução
no mundo. As suas horas de sono são aproveitadas para engrandecimento dos
ideais, amadurecimento das aspirações, enriquecimento dos planos do bem. E pelo
fato de ter mais aguçadas as faculdades da alma, encontra ímpares satisfações
nesses colóquios e visitas, graças aos quais se encoraja e felicita, podendo
levar os labores adiante com alta dose de valor, que aos demais surpreende. Tal
como ocorre no fenômeno da morte, no qual a consciência passa por um torpor,
perturbação que é variável, de acordo com as conquistas de cada um, a lucidez
durante o sono, nas experiências oníricas, está a depender da densidade
vibratória das emoções com que se pauta a vida, no cotidiano. Assim, um programa
bem organizado para antes de dormir constituirá emulação para o Espírito, no ato
do desprendimento, transferir-se a regiões felizes e contactar Entidades nobres,
conquistando os tesouros da paz, da aprendizagem, da ação relevante, enquanto o
corpo repousa. É de bom alvitre, pois, que o homem se disponha a cooperar com os
Benfeitores da Humanidade nas suas obras fomentadoras do progresso, participando
dos seus empenhos com tal ardor que, em retornando ao corpo, permaneça
telementalizado por eles, dando curso ao empreendimento na esfera carnal. Diante
de realizações enobrecedoras na Terra, pode o Espírito prosseguir, ao
desprender-se pelo sono, sob a tutela dos seus Guias Espirituais, corrigindo
enganos e adquirindo mais amplos recursos e entendimento para promover esse
trabalho, que não deve ser interrompido. (Vida, Sono e Sonho, pp. 27 e
28.)
13. O sonho é o retrato
emocional de nossa vida - Santa Tereza de Ávila, em desdobramento
pelo sono, peregrinou por uma cidade espiritual de sofrimentos, trazendo dali as
impressões fortes que foram tomadas como sendo de uma parte do Inferno da
teologia católica. Jacob sonhou com o pai, Dante Alighieri, que lhe mostrou o
lugar onde guardara os treze cantos do “Céu”, que se encontravam desaparecidos.
Voltaire concebeu, enquanto dormia e sonhava,
todo um canto da “La
Henriade”. Tartini compôs, dormindo e sonhando, a sua “Sinfonia ao Diabo”. Os sonhos narrados
na Bíblia se enquadram perfeitamente nessas viagens ao plano espiritual, quando
o ser se desprende e registra os fatos que narra posteriormente. O capítulo do
sono natural na vida do homem é de muita importância, e está a exigir mais
acurado estudo e meditação, a fim de ser aproveitado integralmente em favor do
êxito na vilegiatura carnal. Como um terço da vida física é dedicado ao sono,
imenso patrimônio logrará quem converta esse tempo ou parte no investimento do
progresso, em favor da libertação que lhe credenciará, para uma existência
plena, um futuro ditoso. Se alguém diz como e o que sonha, é fácil explicar-lhe
como vive nas suas horas diárias. Dorme-se, portanto, como se vive, sendo-lhe os
sonhos o retrato emocional da sua vida moral e espiritual. (Vida, Sono e Sonho, pp. 28 e
29.)
14. Emoções e disciplina - As emoções constituem
importante capítulo da vida humana, merecendo portanto acuradas reflexões, de
modo a serem canalizadas com a segurança e a eficiência indispensáveis aos
resultados salutares para os quais se encontram na organização fisiopsíquica de
cada criatura. Refletindo o seu estado espiritual, os homens, invariavelmente,
manifestam-se em desgoverno, levando a paroxismos e desajustes de demorada
regularização. Dirigindo o comportamento, fazem que se transite de uma para
outra com sofreguidão, em ânsia contínua, que termina por exaurir aquele que se
lhes submete sem o controle necessário. Estimulando o egoísmo, impõem a
satisfação pessoal à custa da inquietação e da insegurança íntima, em face dos
novos desejos de gozos insaciáveis, que terminam por constituir característica
predominante da conduta individual. Essa busca irrefreável do prazer, que se
torna dependência viciosa, fomenta gozos que depois, invariavelmente, se
convertem em dores. Entre as mais desgastantes, assume preponderância a
ansiedade, que parece imprescindível à vida, qual ocorre com o sal para o
paladar de inúmeros alimentos. Pessoas há que não passam sem os condicionamentos
das emoções, vivificando a ansiedade que as consome em flamas de angústia. Mal
terminam de lograr a meta perseguida, e já se encontram, sôfregas, em batalhas
por novas conquistas, transferindo-se de uma realização para novo desejo, com
verdadeira volúpia incontrolada. As emoções alimentam-se naqueles que as
agasalham e se lhes adaptam aos impositivos caprichosos. Comparemo-las a uma
vela cuja finalidade é iluminar. Para isso, ela gasta combustível, como é
natural. Preservada para os fins, oferece luz por período largo; no entanto,
deixada na direção do ar canalizado, apressa o próprio consumo, e, acesa nas
duas extremidades, mais rapidamente se acaba. Assim também as emoções, que têm
finalidade superior, no campo da vida. Quando não se submetem à disciplina,
exigem carga dupla de energia na qual se sustentam, culminando por destruir a
sua fonte geradora. (Pensamento e
emoções, pp. 31 e 32.)
15. Cabe ao pensamento educar as emoções - O
pensamento é o agente que as pode conduzir com a proficiência desejada,
orientando-as com equilíbrio, para que o rendimento seja positivo, capitalizando
valores que merecem armazenados no processo iluminativo para a execução das
tarefas nobres. Esse esforço propicia autoconfiança, harmonia íntima, gerando
bem-estar pessoal, que extrapola a área da individualidade e se irradia
beneficiando em derredor. Ninguém pode bloquear as emoções ou viver sem elas.
Pretender ignorá-las ou esmagá-las é empreendimento inócuo, senão negativo. Toda
emoção ou desejo recalcado reaparece com maior vigor, em momentos imprevistos.
Substituir os interesses negativos e viciosos, por outros de caráter mais
gratificante quão duradouro, é o primeiro passo, nessa luta de renovação moral e
educação emocional. Tendo em vista que o pensamento atua no fluido que a tudo
envolve, pelo seu teor vibratório produz natural sintonia com as diversas faixas
nas quais se movimentam os Espíritos, na esfera física ou na Erraticidade,
estabelecendo vínculos que se estreitam em razão da intensidade mantida. Essa
energia fluídica, recebendo a vibração mental, assimila o seu conteúdo emocional
e transforma-se, de acordo com as
moléculas absorvidas, criando uma psicosfera sadia ou enfermiça em volta
daquele que a emite e passa a aspirá-la, experimentando o seu efeito conforme a
qualidade de que se constitui. Quando o episódio é de largo trato e o seu teor é
pernicioso, culmina por afetar a organização física ou psíquica do agente
desencadeador, dando acesso a processos viróticos, psicopatológicos,
degenerativos em geral, obsessivos. A tudo envolvendo, essa força é neutra em si
mesma; mas, maleável e receptiva, altera a sua constituição de acordo com os
elementos mentais que a interpenetram. Ao pensamento disciplinado, pois, cabe a
árdua tarefa de educar as emoções, gerando fatores de saúde, que contribuem para
a harmonia interior, dando margem ao surgimento de fenômenos de paz e confiança.
(Pensamento e emoções, pp. 32 e
33.)
16. O valor da meditação e da fé - A ansiedade,
responsável pela instabilidade comportamental e pelo humor, cede lugar, quando a
fé comanda a onda mental que se dirige a Deus e se afina com as
vibrações-resposta do Pensamento Divino. Outro valioso auxiliar para a empresa é
a meditação, que aprofunda os interesses e as aspirações nas realidades
metafísicas, eliminando, a pouco e pouco, as impressões mais fortes das
sensações primitivas, que normalmente se sobrepõem às emoções,
desarticulando-as. Pensando, o Espírito estabelece o clima no qual se desenvolve
e de cuja energia se nutre. Conforme fixe o pensamento, edifica ou destrói,
passando de autor a vítima das próprias maquinações. Pelas afinidades de ondas
mentais e interesses emocionais, reúnem-se os seres, que elaboram o habitat no qual se demoram. A direção
correta e constante do pensamento esclarecido, que conhece as causas e
finalidades da vida, realiza o controle das emoções, tornando os indivíduos
nobres e equilibrados, que não se transtornam diante de provocações, nem se
apaixonam ante as sensações, ou se descompensam enfrentando o sofrimento. A
amargura e a ansiedade não os sitiam, mesmo que deixem, de passagem, ligeiros
sinais que a potente luz do amor real e da certeza da fatalidade feliz do bem
faz que desapareçam. (Pensamento e
emoções, pp. 33 e 34.)
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