COMO TRATAR OS INDIVÍDUOS QUE SE CREEM ENFEITIÇADOS - MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA
Há pessoas, informou Dr. Bezerra, que são apologistas da informação direta ao paciente sobre o diagnóstico feito, mesmo quando grave e desesperador.
A experiência, contudo, tem demonstrado que a maioria dos resultados é sempre danosa para o próprio enfermo, que, sem estrutura moral para o choque, tomba em depressões irreversíveis, em suicídio injustificável, ou se autodestrói com a ação da mente desalinhada e em revolta.
“A terapêutica – asseverou o Mentor – é mais importante do que o conhecimento da diagnose, facultando ao paciente lúcido identificar a moléstia que sofre e, animado pelo médico, lutar, emocional e psiquicamente, pela superação dela.”
Como proceder, porém, com os indivíduos que se creem ou que realmente estejam enfeitiçados? A essa pergunta de Miranda, respondeu Dr. Bezerra: “Infundindo-lhes confiança em Deus e em si mesmos. Demonstrando-lhes que assim se encontram porque o querem, desde que deles mesmos depende a libertação, induzindo-os à renovação mental e moral, com a consequente alteração de conduta para melhor. Além disso, e principalmente, esclarecê-los a respeito das Leis de Ação e Reação, demonstrando que sofrem porque devem e que a sua recuperação exigir-lhes-á correspondente esforço ao nível de gravidade em que se encontram.
Concomitantemente, encaminhá-los ao estudo do Espiritismo, que os auxiliará no trabalho de libertação espiritual, armando-os de valores para as futuras lutas evolutivas”.
E se eles se encontrarem em tratamento em Núcleos de vinculação afro-brasileira? “Sem produzir-lhes choques desnecessários, quanto à eficiência do método utilizado ou na área da fé – explicou Dr. Bezerra –, estimulá-los a dar mais amplos passos, fazendo que busquem o esclarecimento espírita que liberta para sempre, a fim de que, liberando-se de um problema, mas permanecendo nas atitudes levianas com que se comprazem, não venham a cair em mais graves dificuldades, de solução mais complicada e difícil.
Liberando os obsessos e enfermos da alma, das suas aflições, Jesus sempre recomendava uma terapia preventiva, propondo: Não voltes a pecar, a fim de que não te aconteça algo pior. Entendamos a palavra pecado de forma ampla e mais completa, como sendo todo e qualquer desrespeito à ordem, atentado à vida e desequilíbrio moral íntimo...
Esse retorno às baixas vibrações atrai ondas equivalentes e companheiros do mesmo teor.” Dito isto, o Mentor falou sobre o valor terapêutico das substâncias que muitos enfermos usam em problemas dessa natureza, esclarecendo que a ação sugestiva do fato é que mais contribui para o resultado buscado. “Normalmente, as coisas têm o valor que se lhes empresta”, acrescentou o Mentor, ilustrando o ensinamento com o caso do moço rico, narrado no Evangelho, o qual parecia possuir todos os requisitos “para entrar no reino de Deus”, mas não se havia ainda apartado do apego às coisas materiais, a que emprestava mais importância do que os valores de sua fé. “Conforme consideremos algo, em nossa vã cegueira ou claridade mental, para nós assim é.” (Loucura e Obsessão, cap. 10, pp. 124 a 127.)