Temos a compaixão amarela, de um
amarelo-dourado, que significa generosidade, riqueza, meios. Então, quando vamos
ajudar alguém nós podemos não somente ouvi-lo, entendê-lo, aspirar o bem, mas
podemos eventualmente fazer algo mais.
Vamos supor, como acontece lá no
sul, de tanto em tanto, que o rio subiu e a casa foi destruída. A gente pode
visitar o desabrigado e dizer: você não se preocupe tanto... isto passa. É uma
boa ajuda, mas com a cor amarela podemos auxiliar para que passe mais rápido,
oferecendo um suporte prático.
Depois temos a cor vermelha, que
simboliza o eixo. Ela vem da sedução, daquilo que nos encanta. Então, que
possamos produzir no outro um encantamento positivo, um eixo positivo. Assim, a
cor vermelha vai nos ajudar a dizer àquela pessoa que é melhor não reconstruir a
casa no mesmo lugar porque o rio pode subir de novo. Dessa forma, muitas vezes
não basta que a gente ajude o outro a reconstruir, mas que o ajude a fazê-lo
numa situação melhor. Para isso precisamos da sabedoria dos eixos. Para os
nossos filhos não podemos abdicar disso. Não precisamos impor os eixos, eles não
são impostos. Mas se dissermos: eu não devo ajudar o outro a criar uma estrutura
positiva, um referencial positivo, estaríamos nos omitindo e isso seria uma
atitude sem compaixão.
Então, é muito necessário que a
gente repita as palavras dos grandes mestres, que viva essas palavras, estude
isso e entenda, e possa ajudar os outros a compreender como viver melhor. Se não
ajudarmos ou outros nesse sentido, isso será uma falha da nossa
compaixão.
No entanto não bastam essas três
formas.
Há um momento em que vemos uma
criança puxando uma toalha com uma leiteira de leite fervente em cima. Se não
gritarmos, a criança puxa e se queima. Quando gritamos nós não nos opomos à
criança. Nós estamos a favor dela. Quando dizemos, não faça isso, nós
interrompemos uma ação negativa. Então muitas vezes é necessário manifestar o
que se chama a cor verde. No budismo isso é chamado “a família karma”, onde
vemos a negatividade surgindo e a obstruímos. Nós nos impomos diante da
negatividade, interrompendo-a. Não somos contra a pessoa, somos a seu
favor.
E há ainda a cor branca, a
culminância da compaixão, porque ainda que eu acolha, ainda que propicie meios,
ainda que ofereça eixos, ainda que obstaculize a negatividade, se não revelar a
natureza ilimitada, não tive a compaixão, a generosidade, a amorosidade de
descobrir essa natureza ilimitada e oferecer às outras pessoas, então as outras
compaixões são muito menores, são quase sem sentido.
O que dá sentido à vida é que
todos marchamos para a consciência da natureza última e vivemos inseparáveis
disso. A nossa vida não teria culminância, não teria completude, sem a cor
branca em que nós reconhecemos a natureza ilimitada. Então, a compaixão maior é
podermos oferecer aos outros essa
natureza.”
MUNDO ESPIRITUAL
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