Universalismo Crístico ou Misticismo Antiespirítico?
Amados,
não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. (1 João 4)
O Espiritismo, consubstanciado na Doutrina Espírita, teve e tem como principal missão reestabelecer a Verdade e revelar ainda outras tantas, só capazes de serem hoje compreendidas em conformidade com o progresso intelecto-moral alcançado pela humanidade após séculos de lutas contra as trevas da ignorância.
O Espiritismo, consubstanciado na Doutrina Espírita, teve e tem como principal missão reestabelecer a Verdade e revelar ainda outras tantas, só capazes de serem hoje compreendidas em conformidade com o progresso intelecto-moral alcançado pela humanidade após séculos de lutas contra as trevas da ignorância.
A História nos
conta que a Igreja Católica lutou por muito tempo para que seus dogmas
de fé não fossem atingidos pelas descobertas e avanços da Ciência, o que poderia
comprometer o domínio sobre os fiéis e desmantelar sua influência e privilegiada
posição econômica e política.
Com o
Renascimento, período marcado por transformações em muitas áreas da vida humana,
que assinalam o final da Idade Média e o início da
Idade Moderna, houve ruptura com as estruturas medievais, marcando grandes
avanços nas artes, na filosofia e nas ciências.
O pensamento iluminista, a seu turno, durante o século XVIII, marcou o fim
doobscurantismo, inaugurando uma nova era, iluminada pela razão e
respeito à humanidade. As novas descobertas da ciência, a teoria da gravitação
universal de Isaac Newton e o espírito de relativismo cultural fomentado pela
exploração do mundo ainda não conhecido foram também importantes para a eclosão
do Iluminismo.
Entre os
precursores, destacaram-se os grandes racionalistas, como René Descartes e Spinoza, e os filósofos políticos Thomas Hobbes e John Locke. Na época, é igualmente marcante a fé no poder da razão humana.
Chegou-se a declarar que, mediante o uso judicioso da razão, seria possível um
progresso sem limites. Porém, mais que um conjunto de idéias estabelecidas, o
Iluminismo representava uma atitude, uma maneira de pensar. De acordo com
Immanuel Kant, o lema deveria ser “atrever-se a conhecer”. Surge o desejo de
reexaminar e pôr em questão as ideias e os valores recebidos, com enfoques bem
diferentes, daí as incoerências e contradições entre os textos de seus
pensadores. A doutrina da Igreja foi duramente atacada, embora a maioria dos
pensadores não renunciassem totalmente à ela.
A França teve destacado
desenvolvimento em tais ideias e, entre seus pensadores mais importantes,
figuram Voltaire, Montesquieu, Diderot e Rousseau. Kant, na Alemanha, David
Hume, na Escócia, Cesare Beccaria, na Itália, Benjamin Franklin e Thomas
Jefferson, nas colônias britânicas, figuram entre os maiores
expoentes.
Tempos depois, já com a
Igreja Romana em pleno declínio na Europa e com a Inquisição dando seus últimos
suspiros, surge Allan Kardec,
descortinando o mundo espiritual, sem fantasias, sem mistérios, sem hermetismo,
desvelando ao mundo a realidade de além-túmulo, e apresentando uma Doutrina
eminentemente racional e lógica, filtrando todo e qualquer arroubo místico
advindo da fé cega, seja de origem dogmática ou advinda de puras concepções
humanas de cunho fantasista.
Não obstante os esforços
da Espiritualidade Superior para que fossem atingidos tais elevados objetivos,
muitos indivíduos, talvez confundindo a nova situação de liberdade do
pensamento, partiram para a revivescência de mitos e crendices, em sua maioria
advindos das priscas eras do paganismo, na tentativa de conduzir à ausência de
dogmatismos ou estruturas religiosas padronizadas.
Alguns partidários
dessas teorias, a qual podemos chamar de “neopagãos”, nos tempos modernos,
acreditam ter encontrado, surpreendentemente, no Espiritismo, a confirmação de
suas crenças. Utilizando-se de alguns postulados espíritas, como a
comunicabilidade dos espíritos e a reencarnação, passam tais indivíduos a
transmitirem informações e a escreverem obras que acabam por cair no gosto de
alguns “espíritas”, obviamente ainda pouco versados na Doutrina, ou seja, que
pouco ou nada estudaram (e entenderam) da Codificação.
O espírito Ramatis pode ser apontado como espírito mais citado
pelos propagadores do neopaganismo no meio espírita. Defensor daquilo que chama
de “universalismo crístico”, o espírito Ramatis tem se utilizado de médiuns
ideologicamente adeptos de concepções neopagãs que, bem intencionados ou não, se
servem do Espiritismo e do movimento espírita para divulgarem suas ideias. Entre
eles, podemos citar o médium Roger Bottini, que escreve obras romanceadas que
versam sobre temáticas no mínimo exóticas, tais como: era de Peixes, civilização
atlante, fim dos tempos, etc. Ao mesmo tempo, o médium diz receber revelações
sobre personagens famosas da antiguidade, como faraós egípcios, legisladores
hebreus do porte de Moisés, assim como outros em que não encontramos registros,
já que teriam vivido na Atlântida, Lemúria ou alguma civilização lendária
qualquer. Tudo isso entremeado por relatos de existência de dragões, magos
negros, energias desconhecidas, seres interplanetários, e tudo que possa atiçar
a imaginação do leitor. Como de costume, a fim de angariar confiança, o citado
autor chega a declarar que foi filho de
Allan Kardec em uma encarnação passada, como se tal informação, pura e simples,
sem qualquer indício e confirmação, pudesse lhe conferir alguma autoridade
extra. Confira o que afirma o citado “médium” em seu sítio na
internet:
“Além de ter vivido na
personalidade de Akhenaton, Allan Kardec foi, também, Atônis, o sacerdote do sol
na Atlântida, e Andrey era seu filho. Logo, por mais incrível que isso possa
parecer, Allan Kardec foi meu pai na
extinta Atlântida e um inesquecível
amigo no antigo Egito, durante seu reinado como o faraó filho do
Sol.”
E para dar peso à sua
ousada afirmação, trata de creditar tais informações ao auxílio de um espírito,
já que, para muitos desavisados, basta ser espírito para possuir toda a
sabedoria e conhecimento universais:
“Logo, sei o que estou
dizendo. Essas informações são obtidas através de um processo de regressão de
memória conduzido por Hermes, que é o mentor espiritual de todos os nossos
livros.”
Em outro trecho do mesmo
sítio, o sr. Bottini ainda “revela”:
” (…)Como eu era o
próprio Natanael, e vivi próximo a Moisés desde os tempos da Atlântida, quando
ele viveu como Atlas, posso ter “defendido” de forma exagerada as suas atitudes
nos eventos da libertação do povo judeu da escravidão no
Egito.”
O mais estarrecedor e
surpreendente de tudo isso é que tais teorias são apresentadas como oriundas da
evolução do pensamento espírita, embora colidam frontalmente com os métodos e
objetivos da Doutrina e não tenham recebebido, nem de perto, a confirmação
proveniente do controle universal.
Frente a tudo
isso, a advertência de Erasto,
constante em “O Livro dos Médiuns”, cresce em importância, já que, em matéria de
Espiritismo, o benfeitor espiritual afirma que “é preferível rejeitar dez
verdades a aceitar uma única mentira”. Tal assertiva denota prudência e critério
para a avaliação de qualquer conteúdo, mais notadamente os de origem
mediúnica.
Como já tratamos em
outras oportunidades, a fascinação de origem mediúnica é um problema recorrente,
e decorre das próprias dificuldades do médium, tornando-o presa fácil de
pseudossábios e mistificadores da erraticidade. Listemos algumas
delas:
1) vaidade (desejo
imoderado de atrair admiração dos homens);
2) orgulho (conceito elevado ou exagerado de si próprio);
3) narcisismo (amor excessivo a si mesmo);
4) egoísmo (exclusivismo que faz o indivíduo referir tudo a si próprio);
5) presunção (ato ou efeito de presumir; de vangloriar-se; de formar de si grande opinião);
6) arrogância (tomar como seu; atribuir a si);
7) ambição (desejo veemente de fortuna, de glória, de honrarias, de poder; cobiça.)
2) orgulho (conceito elevado ou exagerado de si próprio);
3) narcisismo (amor excessivo a si mesmo);
4) egoísmo (exclusivismo que faz o indivíduo referir tudo a si próprio);
5) presunção (ato ou efeito de presumir; de vangloriar-se; de formar de si grande opinião);
6) arrogância (tomar como seu; atribuir a si);
7) ambição (desejo veemente de fortuna, de glória, de honrarias, de poder; cobiça.)
No que tange
especificamente ao item 7, pudemos recentemente verificar que há médiuns (ou
pseudomédiuns) inclusive organizando excursões pagas ao Egito e outros locais
tidos como “especiais” e “místicos” com o fito de alcançarem vantagens
pecuniárias, o que é certamente algo lamentável, sob todos os pontos-de-vista. O
Espiritismo nada tem a ver com eles, que se valem da condição de médiuns para
adquirirem fama, dinheiro e poder.
O papel do verdadeiro
espírita é o de esclarecer, orientar e, inclusive, desmascarar toda e qualquer
iniciativa que vise a iludir, a enganar ou mistificar, uma vez que tais atitudes
são reprováveis e atrasam a marcha evolutiva, tanto de suas vítimas como de seus
executores, assim como colaboram para o descrédito e ridicularização da própria
Doutrina Espírita, utilizada por indivíduos inescrupulosos como pano de fundo
para encobrir uma série de interesses espúrios.
Não só leiamos, mas
acima de tudo estudemos a Doutrina Espírita, para que nosso discernimento se
amplie e possamos nos imunizar dessas e outras tantas influências perniciosas
que lutam, nas sombras, para a derrocada desse clarão de conhecimento e
sabedoria que ressuma do Espiritismo.
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