(ENVIADO PELO SR. PICHON,
MÉDIUM DE SENS)
1. (Evocação).
─ Aqui estou, meus bons amigos.
2. ─ Vossos pais nos pediram vos perguntássemos se
sois mais feliz do que na existência terrena. Teríeis a bondade de no-lo
dizer?
─ Oh! Sim. Sou mais feliz do que
eles.
3. ─ Assistis frequentemente a vossa
mãe?
─ Eu quase não a deixo, mas ela não pode
compreender todo o encorajamento que lhe dou. Não fosse assim, ela não estaria
tão mal. Ela chora por mim e eu sou feliz! Deus me chamou a si. É um favor. Se
todas as mães estivessem compenetradas das luzes do Espiritismo, que consolação
para elas! Dizei à minha pobre mãe que se resigne, pois sem isto afastar-se-á de
sua filha querida. Quem não for dócil às provas que lhe envia o seu Criador
falha ao objetivo de suas provas. Que ela compreenda isto bem, senão não me verá
tão cedo. Ela me perdeu materialmente, mas encontrar-me-á espiritualmente. Que
trate de se restabelecer para assistir às vossas sessões. Então poderei
consolá-la melhor, e eu mesma serei mais feliz.
4. ─ Poderíeis manifestar-vos a ela de modo mais
particular? Poderia ela servir-vos de médium? Assim receberia mais consolação do
que por nosso intermédio.
─ Que ela tome um lápis, como o fazeis, e eu
tentarei dizer-lhe alguma coisa. Isto nos é muito difícil quando não encontramos
as disposições para tanto necessárias.
5. ─ Poderíeis dizer-nos por que Deus vos retirou
tão jovem do seio da família, onde éreis a alegria e o
conforto?
─ Relede[1].
6. ─ Poderíeis dizer o que sentistes no instante da
morte?
─ Uma perturbação. Eu não acreditava estar morta.
Isso me deu tanta pena de deixar minha boa mãe! Eu não me reconhecia. Mas quando
compreendi, não foi a mesma coisa.
7. ─ Agora estais completamente
desmaterializada?
─ Sim.
8. ─ Poderíeis dizer quanto tempo ficastes
perturbada?
─ Fiquei seis de vossas
semanas.
9. ─ Em que lugar estáveis quando vos
reconhecestes?
─ Junto ao meu corpo. Vi o cemitério e
compreendi.
─ Mãe! Estou sempre ao teu lado. Eu te vejo e te
compreendo muito melhor do que quando tinha o meu corpo. Cessa, então, de te
entristeceres, pois só perdeste o pobre corpo que me tinhas dado. Tua filha está
sempre aí. Não chores mais. Ao contrário, alegra-te, pois essa é a única atitude
que te fará bem, e a mim também.. Nós nos compreenderemos melhor; eu te direi
muitas coisas agradáveis; Deus mo permitirá; nós oraremos juntas. Estarás entre
estes homens que trabalham para o bem da Humanidade; tomarás parte em seus
trabalhos, e eu te ajudarei. Isto servirá para o adiantamento de nós
ambas.
Tua filha que te ama,
PAULINE.
P. S. Dareis isto a minha mãe. Ser-vos-ei
grata.
10. ─ Pensais que a convalescença de vossa mãe será
ainda longa?
─ Isto dependerá da consolação que receber e de sua
resignação.
11. ─ Lembrai-vos de todas as vossas
reencarnações?
─ Não; não de todas.
12. ─ A penúltima ocorreu na
Terra?
─ Sim. Eu estava numa grande casa de
comércio.
13. ─ Em que época foi?
─ No reinado de Luís XIV; no
começo.
14. ─ Lembrai-vos de algumas personagens desse
tempo?
─ Conheci o Sr. Duque de Orléans, que comprava
mantimentos em nossa casa. Também conheci Mazarino e parte de sua
família.
15. ─ Vossa última existência serviu muito ao vosso
adiantamento como Espírito?
─ Não me pôde servir muito porque não sofri nenhuma
prova. Foi para meus pais, antes que para mim, um motivo de
prova.
16. ─ E vossa penúltima existência foi mais
proveitosa?
─ Sim, porque nela fui muito provada. Reveses de
fortuna; a morte de todos que me eram caros; fiquei só. Mas, confiante em meu
Criador, suportei tudo com resignação. Dizei a minha mãe que faça como fiz. Que
aquele que lhes levar minha consolação, por mim aperte a mão de todos os meus
bons parentes.
Adeus.
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