Do Átomo ao Arcanjo Parte VIII : Os Animais no Mundo
Espiritual
Do Átomo ao Arcanjo Parte VIII : Os Animais no
Mundo Espiritual
Gratificante que esse tema, até pouco tempo tão
deslembrado, esteja agora visitando e instigando a mente de tantas pessoas, não
necessariamente espíritas, senão sim, todas, ao menos, espiritualistas, querendo
saber o que acontece com animais, depois que morrem…
De minha parte e com o
que conheço do Espiritismo, respondo a esse questionamento em etapas,
retrocedendo no tempo, iniciando com a criação dos primeiros seres vivos que
surgiram na Terra…
Criação dos seres vivos
Deus, “a inteligência suprema e a causa primária de todas
as coisas”[1], cria sem cessar — uma das criações da Providência Divina é o
Princípio Espiritual, ou Princípio Inteligente (PI), que verte do “Princípio
Inteligente Universal”.
As primeiras manifestações desse Princípio
Inteligente são as mônadas celestes, que trabalhadas no transcurso dos milênios,
por operários espirituais, exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do
protoplasma, daí derivando-se em existência organizada no Globo constituído;
mônada celeste, assim, seria a célula espiritual manifestando-se no PI, na
primeira fase de evolução do ser vivo[2].
(…) “O Princípio Espiritual (ou PI)
é o gérmen do Espírito, a protoconsciência. Uma vez nascido, jamais se desfará,
jamais morrerá. Filho de Deus Altíssimo inicia então a sua lenta evolução, no
espaço e no tempo, rumo ao principado celeste, à infinita grandeza crística.
Durante milênios vai residir nos cristais, em longuíssimo processo de
autofixação, ensaiando aos poucos os primeiros movimentos internos de
organização e crescimento volumétrico, até que surja, no grande relógio da
existência, o instante sublime em que será liberado para a glória orgânica da
Vida, na forma de mônadas espirituais, que destacadas dos cristais pelos
prepostos crísticos completaram seu estágio de individuação!”[3].
O Espírito Emmanuel, pela psicografia de F. C. Xavier,
oferta-nos sublime informação, altamente científica quanto poética, sobre o
início da vida, a partir do protoplasma, após a criação do planeta Terra:
Daí
a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos,
podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra.
Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa
gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície
do mundo o germe sagrado dos primeiros homens[4].
O Espírito André Luiz informa no citado livro “Evolução em
Dois Mundos”, 1ª Parte, Cap. VI, quanto ao tempo relativo a contar da criação do
ser vivo (PI) até alcançar a condição humana (nossa condição…):
Genealogia do
Espírito: (…) Com a Supervisão Celeste, o princípio inteligente gastou, desde os
vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos
quinze milhões de séculos, a fim de que pudesse, como ser pensante, embora em
fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pensamento
contínuo para os Espaços Cósmicos.
(Sim: essa é nossa idade relativa: um bilhão e meio de
anos!…).
Cito reflexões de outro autor, Gabriel Delanne (1857-1926), em seu
livro “A Evolução Anímica”, publicado inicialmente em 1895(!):
(…) A alma, ou
Espírito, é o princípio inteligente do Universo. (…) É mediante uma evolução
ininterrupta, a partir das formas de vida mais rudimentares, até à condição
humana, que o princípio pensante conquista, lentamente, a sua individualidade.
Para poder atuar sobre a matéria, cada Princípio Inteligente utiliza o concurso
de uma força, a que se conveio em chamar “fluido vital” e todos estarão
revestidos de “invólucro invisível, intangível e imponderável”. Esse invólucro
denomina-se Perispírito (apesar de sua materialidade é bastante eterizado). É
formado de matéria cósmica primitiva — o fluido universal [5].
A pouco e pouco todos os PI percorrerão infinitos ciclos
evolutivos, num e noutro plano da vida (o espiritual e o material), durante os
quais serão mantidos, monitorados e guiados por Inteligências Siderais,
responsáveis pela Vida, por delegação divina.
Sobre particularidades da vida
nos reinos mineral, vegetal e animal, Kardec perguntou[6] e obteve respostas
claras, não passíveis de segunda interpretação. Resumindo-as:
– Minerais: só
têm força mecânica (não têm vitalidade);
NOTA: Quer-me parecer que essa força
é a que mantém a agregação dos átomos, uns aos outros, formando toda a matéria
existente, inclusive a que acompanhará as várias vestimentas físicas do PI na
sua longa trajetória evolutiva de experiências terrenas; o reino mineral, assim,
seria uma espécie de estágio precursor da eclosão do PI na vida orgânica, após o
que, então, este já estará equipado de agregação atômica (a força mecânica
citada por Kardec) nos diversificados corpos que utilizará na sua marcha
evolutiva. (Reconheço que esta é uma reflexão ousada, não passando, pois, de
opinião pessoal. Minha opinião — humilde ensaio.)
– Vegetais: são dotados de vitalidade e têm vida orgânica
(nascem, crescem, reproduzem e morrem), além de serem dotados de instinto
rudimentar;
– Animais: têm instinto apurado e inteligência fragmentária, além
de linguagem própria de cada espécie; têm um princípio independente, que
sobrevive após a morte; esse princípio independente, individualizado, algo
semelhante a uma alma rudimentar, inferior à humana, dá-lhes limitada liberdade
de ação (apenas nos atos da vida material); assim, pois, não têm livre-arbítrio;
essa “alma”, não sendo humana, não é um Espírito errante (aquele que pensa e age
pelo livre-arbítrio).
Promoção do animal ao hominal
Os milênios escorrem e o PI chega ao reino animal, do qual
um dia, também distante, será transferido, segundo estatuto da Providência
Divina, para um degrau acima… O reino hominal, o da inteligência
contínua!
Sobre essa fantástica transição do animal à humanização, eis o que
encontrei na literatura espírita:
Em “Evolução em Dois Mundos”:
a. À
maneira de crianças tenras, internadas em jardim de infância para aprendizados
rudimentares, animais nobres desencarnados, a se destacarem dos núcleos de
evolução fisiopsíquica em que se agrupam por simbiose, acolhem a intervenção de
instrutores celestes, em regiões especiais, exercitando os centros
nervosos.
Obs.: Vejo aqui, salvo melhor juízo, pista para entendimento sobre
o chamado “elo perdido” dos biólogos e naturalistas: ele não se processa na
Terra e sim no mundo espiritual…
b. A girencefalia (característica dos
cérebros com circunvoluções, o que possibilita uma maior área cortical – de
córtex. Ex: cérebro dos primatas) e alissencefalia (condição de cérebro sem
circunvoluções, o que resulta em pequena área cortical) obedecem a tipificações
traçadas pelos Orientadores Maiores, no extenso domínio dos vertebrados,
preparando o cérebro humano com a estratificação de lentas e múltiplas
experiências sobre a vasta classe dos seres vivos.
(Cap. IX – Evolução e
Cérebro, p. 67-68);
c. (…) Nomearemos o cão e o macaco, o gato e o elefante,
o muar e o cavalo, como elementos de vossa experiência usual, mais amplamente
dotados de riqueza mental, como introdução ao pensamento contínuo.
(Cap.
XVIII – Evolução e destino, p. 212).
Ainda sobre a promoção do irracional à racionalidade (de
animal a homem) — o chamado “elo perdido” dos naturalistas — encaminho o leitor
ao livro que já citei — “A Caminho da Luz” —, de Emmanuel/F. C. Xavier, Cap. II,
item A grande transição, p. 31, onde, em síntese, consta:
(…) As descobertas
da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos
biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no “primata” os
característicos aproximados do homem futuro. (…)As hostes do invisível operaram
uma definitiva transição no corpo perispiritual pré-existente, dos homens
primitivos…”. Grifei.
A mim não padece dúvida de que o “elo perdido” não está
na Terra…
À medida que ocorre a sua individualização, na extensa rota de
experiências, no reino animal o PI já tem uma alma, porém inferior à do
homem[7]; assim sendo, é lícito deduzir que revestindo essa alma há um corpo
astral — o perispírito —, sutil, mas ainda material (como já registramos) e
sempre mais grosseiro do que o do homem.
Estagiando sucessivamente nos reinos
mineral, vegetal e animal, os animais de algumas das espécies que irão se
humanizar terão seus respectivos PI gradativamente equipados pela Providência
Divina de instinto e automatismos fisiológicos[8] específicos.
Tais automatismos representarão poderosos equipamentos para
possibilitar-lhes a existência e a sobrevivência nos rudes crivos que terão de
superar até a humanização, quando então, ainda com tais condicionamentos
automáticos (que possibilitam o metabolismo), serão equipados, pelos Gestores
Celestiais, de três abençoadas e incomparáveis ferramentas morais, na sequência
do alcandorado voo da Evolução: livre-arbítrio, inteligência contínua e
consciência!
Outros reinos naturais
Tratando-se da promoção de seres vivos a patamares mais
evoluídos, além das espécies do reino animal citadas, de minha parte não
encontrei referências aos répteis, insetos, aves, peixes, ou sobre as demais
incontáveis espécies zoológicas, incluindo-se as extintas no planeta.
Não
obstante, Allan Kardec deixou registrada importantíssima informação no livro “A
Gênese”, no Cap. VI – Uranografia Geral, item A Criação universal, nº
18:
Esse fluido (Fluido Cósmico) penetra os corpos, como um oceano imenso. É
nele que reside o princípio vital que dá origem à vida dos seres e a perpetuaem
cada globo, conforme a condição deste princípio que, em estado latente se
conserva adormecido onde a voz de um ser não o chama. Toda criatura, mineral,
vegetal, animal ou qualquer outra — porquanto há muitos outros reinos naturais,
de cuja existência nem sequer suspeitais — sabe, em virtude desse princípio
vital e universal, apropria as condições de sua existência e de sua duração.
(Grifei)
De posse dessa informação, apenas como “hipótese de
trabalho”, sabendo que a divina Lei do Progresso age inexoravelmente em favor de
todos os filhos do Supremo Criador, nada me objeta supor — apenas supor — que as
incontáveis espécies animais que na Terra não se humanizam talvez sejam
enquadradas em outras rotas ou processos evolutivos, em outros mundos,
absolutamente desconhecidos do homem.
Conclusão
Respeitáveis autores espíritas, desencarnados,
aduziram informações sobre os animais no reino espiritual:
1. Allan
Kardec:
– sob orientação de Inteligências Celestes, registrou às questões 598
a 600, de “O Livro dos Espíritos”, que os animais, ao morrer, mantêm sua
individualidade, permanecendo em vida latente sob cuidados de Espíritos
especializados, que os classificam e agrupam; nos animais a reencarnação não se
demora;
2. André Luiz:
– narra no Cap. XII do livro que já citei —
“Evolução em Dois Mundos” — que, após a morte, os animais têm dilatado o seu
“período de vida latente” no Plano Espiritual, caindo em pesada letargia, qual
hibernação, de onde serão genesicamente atraídos às famílias da sua espécie, às
quais se ajustam.
Essa informação considero-a fundamental para o entendimento
de como os animais vivem no Plano Espiritual, aguardando a próxima reencarnação.
Kardec registrou que após a morte os animais são classificados e impedidos de se
relacionarem com outras criaturas; André Luiz, agora, diz a mesma coisa, de
outra forma, ao mencionar que os animais que não são destacados para alguma
tarefa, entram em hibernação e logo reencarnam.
Depreendo, assim, que no
mundo espiritual os animais não utilizados em alguns serviços, não têm vida
consciente, mas vegetativa, e isso responde à pergunta de como vivem lá: sem
qualquer relacionamento, uns com os outros; assim, não havendo ação de
predadores inexistem presas; mantidos em hibernação não se alimentam, não
brigam, não reproduzem, não se deslocam.
– reporta à presença de alguns
animais em atividade no mundo espiritual, como, por exemplo, aves, cães,
cavalos, íbis viajores, muares. Alguns são “escalados” para tarefas
diversificadas (cães e cavalos, na maioria das vezes, como se vê,
respectivamente, em “Nosso Lar”, Cap. 33, p. 183, 48ª Ed., 1998, e em “Os
Mensageiros”, Cap. 28, p. 149, 9ª Ed., 1975 – ambas as obras psicografadas por
F. C. Xavier, Ed. FEB, RJ/RJ);
– menciona, ainda em “Nosso Lar”, Cap. 33, p.
184, sobre a existência no plano espiritual de “Parques de estudo e
experimentação”, referentes a animais, sendo que sobre eles há valiosas lições
no Ministério do Esclarecimento. O autor espiritual não deu
detalhes.
3. Marcel Benedeti, médico veterinário, desencarnado aos 47
anos em 1º. Fev. 2010, notabilizou-se como escritor espírita e dedicado defensor
dos animais. Dentre suas inúmeras atividades em prol dos animais, destaco vários
livros nos quais, sob inspiração de um Protetor espiritual, deixou registradas
inéditas, quanto preciosas informações da vida dos animais no mundo espiritual.
Nessas obras Marcel narra a existência de colônias específicas para animais no
mundo espiritual, constando que tal narração é inédita. A descrição e os
detalhes dessas colônias trazem em seu bojo um panorama de atividades zoófilas,
a cargo de Espíritos que amam os animais. De forma comovente são narradas
atividades de atendimento e carinho aos incontáveis animais que aportam no mundo
espiritual, em estado de necessidade, trazendo no corpo perispiritual dolorosas
marcas da insensatez e crueldade humanas…
De antemão fica explícito que as narrações de Marcel, de
alguma forma, ampliam a informação do Espírito André Luiz referente a animais no
mundo espiritual, particularmente sobre os “parques de estudo e experimentação”,
ambas as fontes trazendo o selo da Bondade da Providência Divina para com todos
os seres da criação.
Encerrando estas já não breves reflexões, como
suposição, creio firmemente que dentro do quadro de animais domésticos
desencarnados, que foram amados por seus donos, sabendo que por pouco tempo
permanecem no plano espiritual, há a probabilidade de àquele convívio terreno
retornarem, a breve tempo após a desencarnação. Um sinal disso seria a chegada
de novo animal no lar… Embora com os automatismos biológicos específicos da
espécie, tem comportamento individual diferenciado, igualzinho ao daquele que
morava ali anteriormente e há algum tempo foi para a outra margem do Rio da
Vida…
O bondoso Chico Xavier, consolando duas senhoras aflitas
que o procuraram, lamentando a morte do cachorrinho de estimação, disse-lhes:
“quando nossos animais domésticos morrem, é comum eles ficarem em nossas casas.
Eles também têm alma. Os Espíritos que cuidam da natureza costumam deixá-los por
algum tempo na casa do dono, até que possam nascer novamente”.
[1] Em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, questão nº
1, Ed. FEB, RJ/RJ.
[2] Em “Evolução em Dois Mundos”, do Espírito André Luiz,
psicografia de F. C. Xavier e W. Vieira, Cap. III, Primórdios da Vida, 11ª Ed.,
1989, FEB, RJ/RJ.
[3] Em “Universo e Vida”, Espírito Áureo, psicografia de
Hernani T. Santanna, Cap. III, p. 42 e 45, 5ª Ed., 1998, FEB, RJ/RJ.
[4] Em
“A Caminho da Luz”, Cap. I (“A Gênese Planetária” – item “O Verbo na Criação
terrestre”), p. 22-23, 13ª Ed., 1985, FEB, RJ/RJ.
[5] Em “A Evolução
Anímica”, de Gabriel Delanne, “Introdução”, p. 15 e 16, 6ª Ed., 1989, FEB,
RJ/RJ.
[6] Em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, Cap. XI, Dos três
reinos.
[7] Em “O Livro dos Espíritos”, questões n° 597 e 597ª.
[8] Em
“Evolução Em Dois Mundos”, 1ª Parte, Cap. IV, p. 37.