" DEUS USA A SOLIDÃO "
Fernando Pessoa, nascido em Lisboa, no dia 13 de junho de 1898. Perdeu o pai ainda criança, e em virtude disto a sua família foi transferida para Durban, na África do Sul. Em Durban ele cursa o secundário, e ainda jovem revelou sua habilidade para a literatura. Em 1903, ingressou na Universidade de Cabo Frio. Foi educado em inglês, adquirindo o gosto pela poesia, influenciado por alguns autores como: Milton, Byron, Shelley, Edgaar Alann Poe entre outros poetas da Língua Inglesa. O jovem poeta até pensava em Inglês, entretanto destacou-se como um dos maiores escritores na Língua Portuguesa.
Os textos de Fernando Pessoa são carregados de simbolismo, enigmáticos, é como se o autor utilizasse as parábolas. Na poesia "Deus usa a solidão", observa-se que ele contrasta palavras e expressões levando o leitor a um momento de reflexão. A sequência de palavras com significados contrário observado em cada verso, faz com que o leitor faça uma retrospectiva interior antes de dar importância a algumas situações da vida desconsiderando outras. O autor estabelece uma relação entre as palavras com o intuito de transmitir uma mensagem como se fosse um mensageiro do divino.
"Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva,
Para que possamos compreender
O infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio,
Quando quer nos mostrar a importância da
Aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos
Ensinar sobre a responsabilidade
Do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço,
Para que possamos compreender
O valor do despertar.
Outras vezes usa doença,
Quando quer nos mostrar
A importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo, para nos ensinar
Sobre água.
Às vezes, usa a terra,
Para que possamos compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte,
Quando quer nos mostrar
A importância da vida
. "
INTERPRETANDO A POESIA
Na poesia apresentada acima o autor não se prende a rimas, mas observa-se a preocupação de Fernando Pessoa em mostrar que o que parece ter uma força negativa na vida do ser humano pode ser considerado um elo na busca das coisas positivas.
No primeiro verso ele aborda a solidão como um atributo indispensável para lembrarmos a importância de viver em comunidade.
Fala da importância do sentimento de raiva que nos remete o como é bom viver em paz.
Nos versos a seguir o autor ainda aborda o quanto o silêncio constitui uma oportunidade de reflexão, ou seja, uma retomada para as coisas que deveriam ser bem pensadas e analisadas antes de falarmos.
E assim o autor segue usando as expressões com sentido contrário com o propósito de mostrar ao leitor que não se deve atribuir maior juízo de valor a determinadas coisas em detrimento de outras concomitantemente importantes.